7.4.05

Bolkestein defende a sua directiva junto dos franceses

O "pai" da liberalização dos serviços na UE foi a "estrela" política do dia em Paris
Numa viagem de 24 horas paga do seu bolso, o antigo comissário europeu Frits Bolkestein visitou ontem Paris, para esclarecer os franceses que atacam severamente a sua proposta de liberalização dos serviços na União Europeia (UE), aprovada pela precedente Comissão Prodi e deixada em cima da mesa, em Novembro de 2004, para a nova Comissão Barroso.
In http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=04&d=07&uid={02B42360-7BC3-4C28-B1C1-A0563ABBB01C}&id=14596&sid=1601

Comentário: É curioso que uma tentativa de liberalização dos serviços, algo que deveria ser visto como absolutamente natural numa Europa unida e num mercado único europeu, se debata com tantos entraves nacionalistas. A França é o principal país contra a proposta, o que não é de estranhar, visto que este é um dos países mais estatizados e centralistas da UE e dos menos abertos à economia de mercado.
Os franceses, em particular, mas todos os que votam contra a directiva Bolkestein, em geral, estão contra a liberalização dos serviços pois queixam-se do “dumping social” que poderão sofrer: os países do Leste, mais pobres, com salários mais baixos, poderão fornecer serviços nos países mais ricos, a mais baixo preço, atacando assim os fornecedores de serviço autóctones. Por estas mesmas razões se luta contra a abertura dos mercados a países como a China e a Índia. O erro aqui, a meu ver, é que os países mais ricos estão a ser egoístas. A única forma dos países crescerem economicamente de forma sustentada é através da exportação dos seus produtos. Se fechamos os mercados aos países pobres, eles continuarão pobres. Veja-se o que se passou em Portugal aquando da nossa entrada para a UE. Se os alemães e os franceses nos fechassem as portas (na altura, como agora, nós também tínhamos – temos – salários mais baixos e fazíamos a tal concorrência “desleal”), não tínhamos conseguido exportar os nossos produtos, e continuávamos mal como estávamos na altura da entrada. O crescimento que tivemos deveu-se, sobretudo, à abertura económica permitida pelo mercado único europeu.
A abertura económica é também, por isso, sinónimo de solidariedade. Infelizmente os egoísmos nacionalistas têm tendência a falar mais alto.