7.6.06

Irão recebe proposta internacional com "abertura"

Os iranianos consideram o plano "positivo" e "ambíguo". A negociação será dura e longa
Começou ontem em Teerão a diplomacia séria. Javier Solana comunicou a Ali Larijani, o negociador iraniano, o conteúdo da proposta de "incentivos" e "desincentivos" elaborada por europeus, americanos, russos e chineses. O conteúdo não foi divulgado, mas entre as medidas estarão gestos inéditos, como a aceitação americana de fornecer tecnologia nuclear ao Irão. Diplomatas iranianos prevêem vários rounds de negociação.À chegada a Teerão, na segunda-feira, o chefe da diplomacia europeia falou em estabelecer "uma nova relação", baseada "no respeito mútuo e na mútua confiança". Os iranianos apreciaram a discrição e o facto de a proposta não ter sido tornada pública.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=06&d=07&uid=&id=82944&sid=9023

Comentário: Os Estados Unidos resolveram negociar com os iranianos. Depois da recusa da proposta europeia por parte de Ahmadinejad, e depois da carta enviada a George W. Bush, era claro que o seu governo só iria aceitar negociar se os EUA entrassem no esquema. O objectivo do Irão é claro: ao encetar negociações, os americanos estão a recolocar, implicitamente, o regime persa na cena política internacional, o que os fortalece em relação aos seus vizinhos árabes.
Depois da normalização das relações com o regime de Tripoli (Kadhafi), torna-se evidente a mudança política americana em relação ao Médio Oriente. O “idealismo” dos neoconservadores, que queriam mudanças de regime nos países onde imperam ditaduras de modo a levar a democracia a todo o mundo foi substituído pelo “realismo”. Parece ser melhor manter autocratas calmos do que impor democracias que só aumentam a entropia da zona.