4.2.07

Re: E se a pergunta fosse... (V)

Sejamos claros e honestos. Se à pergunta genérica: “Concorda com a despenalização?” uma pessoa responder “não” isso não significa que essa pessoa concorda com a penalização?
significa para esta pergunta genérica, mas para a questão do referendo não se pode simplesmente colocar o sim ou não só na parte da (des)penalização...
Há que ter em conta o resto da pergunta:
"se realizada, por opção da mulher"
"nas primeiras 10 semanas"
"em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Não se pode simplesmente ficar pela primeira parte da pergunta, embora seja sem dúvida fulcral.


Quem vota “não” no referendo está a dizer que não quer despenalizar a IVG, “se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado”. Ou seja, quer manter a lei actual, a qual prevê penalização. Não é isto absolutamente claro?
Aqui sim, concordo plenamente com a tua interpretação, é claro.

Quanto à pergunta que fiz (Concorda com a penalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, após as primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"...), foi simplesmente para focar, na minha opinião, um dos pontos absurdos desta proposta de lei: as mulheres que abortem depois das 10 semanas vão continuar a ser penalizadas... Na minha perspectiva, se o "sim" ganhar, não vai resolver os problemas de quem defende o "sim". Vão continuar a existir abortos ilegais, vão continuar a ser julgadas mulheres por abortar após as 10 semanas, ainda por cima se vai gastar dinheiro público, possivelmente ocupar recursos escassos da saúde pública, e para quê? Para continuar a matar crianças indefesas, tudo porque simplesmente não se fez um correcto planeamento familiar, porque não se usou um método contraceptivo, por ignorância, porque a nossa educação sexual é uma miséria, porque é mais fácil "remediar que prevenir" do que investir seriamente em educação. Eu defendo que se deve investir nas 2 vertentes: em "prevenir" através da educação e "remediar" através do apoio dado por mais de 40 instituições de apoio a grávidas.
Um grande abraço,
(Tiago Hipkin)