21.1.06

Xiitas obrigados a partilhar o poder no Iraque

Os partidos religiosos não conseguiram maioria absoluta, os árabes sunitas subiram e os curdos desceram. O entendimento vai ser difícil
A grande aliança de partidos religiosos xiitas iraquianos venceu as eleições legislativas de 15 de Dezembro mas não conseguiu obter a maioria absoluta, anunciou ontem a Comissão Eleitoral do Iraque ao divulgar, finalmente, os resultados oficiais do escrutínio. Os curdos perderam lugares ficando com menos deputados do que os sunitas, que aumentaram substancialmente a sua votação. Está assim aberto o caminho para as negociações com vista à formação do próximo governo do Iraque. Umas negociações que se adivinham longas e difíceis.O cenário que os norte-americanos favoreciam, - em privado, segundo a Associated Press - parece ter-se materializado. Os xiitas venceram mas sem maioria absoluta (128 num total de 275 deputados) e os partidos sunitas mais moderados (44 deputados) obtiveram resultados bastante melhores que o bloco mais radical (11). Sobra ainda a Aliança do Curdistão com 53 assentos parlamentares e o partido xiita secular liderado pelo ex-primeiro-ministro Iyad Allawi, com 25 deputados. Os restantes 14 deputados irão representar uma série de pequenos partidos.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=21&uid=&id=59533&sid=6591

Comentário: Os resultados das eleições iraquianas, divulgados ontem, foram uma boa notícia. Os xiitas ganharam, como era esperado, mas sem maioria absoluta, o que é muito positivo. Por um lado não terão poder absoluto, não podendo subjugar as outras etnias; por outro vão ter mesmo de se coligar com sunitas e curdos para formar governo, assegurando assim uma maior diversidade que será fundamental para nenhum grupo se insurgir contra a situação actual. Passo a passo se vai fazendo o caminho.