14.3.06

O caçador e a presa

Ao lançar a OPA sobre o BPI, sem avisos, nem luvas brancas, Paulo Teixeira Pinto rompeu com o ambiente de cerimónia que existe entre os banqueiros portugueses. Do lado oposto está outro desafiador: Fernando Ulrich. O BPI detém seis por cento do BCP, o que foi sempre considerado "uma ameaça" por Jardim Gonçalves. Solicitado pelo fundador do BCP a "largar" a posição, Ulrich recusou, respondendo que era um "bom investimento"
Com apenas 45 anos, Paulo Teixeira Pinto celebra hoje um ano à frente do BCP, substituindo o banqueiro carismático Jorge Jardim Gonçalves, 25 anos mais velho. Um dia depois de lançar uma "bomba atómica" sobre o mercado português, pouco habituado a iniciativas "ousadas" e não solicitadas. Teixeira Pinto veio anunciar uma oferta pública de aquisição (hostil) sobre o BPI. Uma iniciativa que a todos surpreendeu, mas que revela a sua marca.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=03&d=14&uid=&id=68121&sid=7489

Comentário:Eppur si mueve”, disse Galileu acerca do movimento da Terra à volta do Sol, e penso que esta é uma boa expressão para o nosso mercado, nos últimos tempos. Afinal, o mercado português move-se mesmo… Depois da OPA lançada pela Sonae sobre a PT, chega agora mais uma “bomba”: a OPA (considerada também hostil) do BCP sobre o BPI. Paulo Teixeira Pinto, o novo líder do BCP, esteve bastante discreto durante o seu primeiro ano de mandato, mas penso que agora está a começar a querer deixar a sua marca, fazendo uma oferta muito atractiva para os accionistas do BPI.
Surge assim a possibilidade de Portugal ficar com um grande banco capaz de competir a nível internacional. O BCP (maior banco privado português), depois de adquirir o BPA, o Mello e o Sotto Mayor, tenta agora aglomerar o BPI (terceiro maior banco privado, que havia absorvido o BFE, BFA e BBI). A junção de um banco virado para o retalho com um banco mais virado para o investimento pode, de facto, criar um grupo com um elevado valor acrescentado. Vamos ver como vai reagir o mercado.