"Sim" com vantagem mais estreita do que em 2004
Sondagem PÚBLICO/RTP/Antena 1 mostra que menos de um terço aceita aborto por vontade da mulherLeonete BotelhoSe o referendo à despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG) até às dez semanas fosse hoje, o "sim" ganharia com 72 por cento dos votos válidos, contra 28 por cento para o "não". Estes seriam os resultados finais da consulta popular, extrapolados a partir da sondagem feita pela Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1. Mas na sondagem, a intenção directa de voto para o "sim" é de apenas 53 por cento, contra 21 por cento para o "não" e 10 por cento de indecisos. A estes juntam-se ainda 16 por cento de eleitores que não tencionam ir votar.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=10&d=20&uid={324781A6-A55B-4C04-9CD7-1520358D4CFC}&id=103097&sid=11390
Comentário: É muito provável que no próximo referendo à despenalização da IVG ganhe o “sim”. Apesar de, em 1998, toda a gente achar que o “não” ia ficar muito atrás do “sim”, e no final acabar por ter mais votos, parece-me que actualmente a diferença é bastante maior. Este é um assunto ética e moralmente muito delicado, mas há algumas situações que me parece pertinente referir:
a) É chocante assistir a julgamentos de mulheres que abortaram, tratando-as como criminosas, por isso penso que é urgente descriminalizar a IVG (possivelmente até às 10 semanas, mas este prazo é muito difícil de escolher). Despenalizar é um assunto que merece, quanto a mim, maior cuidado na discussão, pois pode ver-se na completa despenalização a absoluta “liberalização” do aborto, e isso é também chocante. É que descriminalizar e despenalizar são coisas bem distintas.
b) Ontem li no Público um artigo da Zita Seabra (recorde-se que foi dela a primeira proposta, em 1983, para legalizar o IVG em certas condições e em casos extremos, ver aqui: http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=10&d=19&uid={324781A6-A55B-4C04-9CD7-1520358D4CFC}&id=102919&sid=11370) em que esta deputada do PSD (ex-PCP, como se devem lembrar) alertava para uma situação grave: hoje em dia já se consegue saber o sexo do nascituro às 8 semanas, o que leva à possibilidade dos pais poderem escolher o sexo do bebé. Imagine-se que um casal tem um filho, e gostava de ter um casalinho... a mulher engravida e às 8 semanas sabe que vai ter outro menino. Como queria uma menina, faz um aborto. E, ao que tudo indica, a partir de agora tudo isto será legal.
Resumindo, custa-me muito ver o aborto ser utilizado como método contraceptivo ou como forma de escolha do sexo da criança. É uma maneira muito egoísta de estar no mundo. Mas custa-me também imenso ver mulheres serem tratadas como criminosas e serem vexadas publicamente por fazerem algo que é sempre de uma dor exasperante e que a maior parte das vezes resulta do desespero por que passam em dada altura da sua vida. Por tudo isto, esta é para mim uma das questões mais difíceis sobre a qual temos de decidir.
Donde, só decidirei o meu sentido de voto quando souber exactamente a pergunta que me vão fazer no referendo.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=10&d=20&uid={324781A6-A55B-4C04-9CD7-1520358D4CFC}&id=103097&sid=11390
Comentário: É muito provável que no próximo referendo à despenalização da IVG ganhe o “sim”. Apesar de, em 1998, toda a gente achar que o “não” ia ficar muito atrás do “sim”, e no final acabar por ter mais votos, parece-me que actualmente a diferença é bastante maior. Este é um assunto ética e moralmente muito delicado, mas há algumas situações que me parece pertinente referir:
a) É chocante assistir a julgamentos de mulheres que abortaram, tratando-as como criminosas, por isso penso que é urgente descriminalizar a IVG (possivelmente até às 10 semanas, mas este prazo é muito difícil de escolher). Despenalizar é um assunto que merece, quanto a mim, maior cuidado na discussão, pois pode ver-se na completa despenalização a absoluta “liberalização” do aborto, e isso é também chocante. É que descriminalizar e despenalizar são coisas bem distintas.
b) Ontem li no Público um artigo da Zita Seabra (recorde-se que foi dela a primeira proposta, em 1983, para legalizar o IVG em certas condições e em casos extremos, ver aqui: http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=10&d=19&uid={324781A6-A55B-4C04-9CD7-1520358D4CFC}&id=102919&sid=11370) em que esta deputada do PSD (ex-PCP, como se devem lembrar) alertava para uma situação grave: hoje em dia já se consegue saber o sexo do nascituro às 8 semanas, o que leva à possibilidade dos pais poderem escolher o sexo do bebé. Imagine-se que um casal tem um filho, e gostava de ter um casalinho... a mulher engravida e às 8 semanas sabe que vai ter outro menino. Como queria uma menina, faz um aborto. E, ao que tudo indica, a partir de agora tudo isto será legal.
Resumindo, custa-me muito ver o aborto ser utilizado como método contraceptivo ou como forma de escolha do sexo da criança. É uma maneira muito egoísta de estar no mundo. Mas custa-me também imenso ver mulheres serem tratadas como criminosas e serem vexadas publicamente por fazerem algo que é sempre de uma dor exasperante e que a maior parte das vezes resulta do desespero por que passam em dada altura da sua vida. Por tudo isto, esta é para mim uma das questões mais difíceis sobre a qual temos de decidir.
Donde, só decidirei o meu sentido de voto quando souber exactamente a pergunta que me vão fazer no referendo.
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