5.6.07

Quarenta anos depois a Guerra dos Seis Dias continua a fazer estragos

A gesta de 1967 foi vivida em Israel como um milagre. Hoje é encarada como um desastre político. Mudou a face do Médio Oriente, mas originou muitas tragédias
Na manhã de 5 de Junho de 1967, em pouco menos de duas horas, a aviação israelita ganhou a Guerra dos Seis Dias, um conflito que mudou o quadro político do Médio Oriente, a identidade israelita e a identidade árabe. Quarenta anos depois a região vive ainda os efeitos de 1967. Terá sido uma guerra que nenhuma das partes desejou, embora ambas a considerassem inevitável.

In Público

Comentário: Faz hoje 40 anos que Israel começou a ganhar a Guerra dos Seis Dias contra os Estados árabes circundantes. Foi uma vitória incrível, de David contra Golias, com um ataque preventivo lancinante (ao invés do mais normal ataque de madrugada, Israel escolheu sagazmente a hora do pequeno-almoço dos militares egípcios para o ataque, e em menos de uma hora tinha destruído toda a aviação egípcia). Foi uma vitória que evitou o desaparecimento do país mas hoje, olhando retrospectivamente para o que foram estas últimas décadas, percebe-se que foi uma vitória de Pirro.
A única solução para este eterno problema é a cedência por ambas as partes. Israel já saiu do Sinai há 30 anos, e há dois anos Sharon até saiu de Gaza. E não me parece que eles tenham muitos problemas em ceder os Golã à Síria. O grande problema está na faixa ocidental (Judeia, Samaria) e em Jerusalém oriental. Por motivos religiosos Israel tem tido desde sempre uma política de ocupação, com os colonatos, e isso é um “contrato para um conflito permanente”, como dizia há dias o Financial Times. Os palestinianos têm, em primeiro lugar, de reconhecer totalmente Israel, e devem ser mais transigentes em relação ao regresso dos refugiados (aceitando contrapartidas em vez de repatriamento).
“Terra por Paz”, é a única solução. Reconhecimento de Israel em troca do território conquistado em 1967. Mas isso só é possível se os EUA estiverem dispostos a participar, activamente, na resolução do problema.