4.6.07

RE: Putin raises spectre of nuclear war in Europe (VI)

Não concordo com quase nada do que dizes, Vitor! :)

1) Tu achas, de facto, que a Rússia está “cercada”? Olhemos para as fronteiras da Rússia. Achas que a Noruega e a Finlândia estão a “cercar” a Rússia? E os países bálticos – esses se calhar estão a ser cercados, não? E não estarão também a ser cercados a Ucrânia e a Geórgia? E achas que a Bielorrússia, Azerbeijão, Casaquistão, Mongólia, China e Coreia do Norte estão a “cercar” a Rússia? Se há algum cerco, ele deve ser é de sentido oposto... repara que os países onde se pensam colocar as defesas (Polónia e República Checa) nem têm fronteira com a Rússia (a menos que consideres o mini-enclave Kaliningrado!). E o Iraque e Afeganistão, que tu pensas que fazem parte desse “cerco” diabólico dos EUA à Rússia, também não têm fronteira com o país!... Essa tua ideia do “cerco” tem que se lhe diga.

2) Dizes “qualquer país arabe ou terrorista que lançasse um missil nuclear para atacar qq cidade europeia, este imediatamente seria detectado e logo seriam enviados misseis nucleares suficientes para destruir completamente esse pais”. Ora bem, o sistema de defesa é exactamente para detectar e para anular tal ataque. Ou achas que não se deve ter defesa, e deve deixar-se que uma bomba arrase com uma cidade europeia, para depois sim enviar misseis para aniquilar o país atacante? E como é óbvio os países amigos do país aniquilado responderiam, e teríamos assim uma guerra nuclear mundial. Esta tua afirmação era engraçada se não fosse de uma gravidade enorme. O poder de dissuasão é fundamental para evitar calamidades desse género. Se não fosse assim, neste momento não existia planeta Terra, pois na Guerra Fria um dos beligerantes começava a largar bombas, o outro respondia, e era uma bola de neve. A melhor forma é evitar que isso aconteça. Por isso é importante que todos saibam que temos boas defesas.

3) “terroristas ou islamistas como queiram chamar” – a diferença é enorme, como sabes, e é por confundir uma coisa com outra que muitos problemas têm surgido nos últimos tempos...

A verdade é esta. O escudo proposto está orientado contra um inimigo potencial dotado de um arsenal pequeno: claramente o Irão, como até já foi dito publicamente pela Condoleezza Rice. Os EUA dizem: “O Irão pode-nos atacar em breve, pois está quase a ter equipamento nuclear, por isso vamos colocar aqui uma defesa”. E a resposta do Putin é: “a Europa passa a ser um alvo nuclear nosso, portanto podemos atacá-la”. Há aqui uma confusão clara de “alvos” e de “defesa” e “ataque”.

O Putin é um autocrata (apesar de ele dizer na entrevista ao Times que é o “único democrata puro do Mundo” – o que é hilariante), líder de um país com um arsenal nuclear não-despiciendo. Ele ataca opositores (prende-os e mata-os), cala a imprensa, evita manifestações. E agora tenta intimidar os europeus. O pequeno “czar” é perigoso, sim, e dá novas provas disso a cada dia que passa... mais deste assunto hoje no Financial Times.

Forte abraço