15.3.05

Especialistas questionam a venda da pílula do dia seguinte nos supermercados

A medida anunciada por José Sócrates no seu discurso de tomada de posse, de autorizar a venda de medicamentos sem receita médica em supermercados, continua a dividir os especialistas. Num momento em que as críticas à medida em si se atenuam, médicos e farmacêuticos dividem-se agora sobre se todos os medicamentos de venda livre deverão continuar a sê-lo.
In http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=15&id=11221&sid=1216

Comentário: A venda de medicamentos sem receita médica nos supermercados é uma boa medida, e está em sintonia com o que é feito em inúmeros países europeus (no Reino Unido, por exemplo, até se vende em estações de serviço…). Em princípio os medicamentos de receita livre não apresentam problemas de maior, e podem ser vendidos sem qualquer controlo. De qualquer modo tem-se discutido nos últimos dias que alguns destes medicamentos (por exemplo a pílula do dia seguinte), pode trazer “perigos para quem sofre de doença vascular”. Assim sendo talvez seja necessário rever quais os medicamentos que podem ser vendidos livremente (embora com controle de um técnico farmacêutico) nos supermercados. De qualquer forma a medida continua a ser positiva.
O mais positivo, aliás, em tudo isto, é o importante ataque ao lobby farmacêutico, muito em especial à Associação Nacional de Farmácias. Talvez desta forma se dê um empurrão na liberalização deste anacrónico sector: porque não se eliminam as actuais barreiras à criação de farmácias (possibilitando o emprego de jovens farmacêuticos e aumentando a oferta para o consumidor)? Porque se mantém a abertura de farmácias reservada apenas a farmacêuticos (monopólio profissional)? Porque tem de haver condicionamento, ao nível concelhio (capitação mínima), à abertura de farmácias? Porque tem de haver uma distância mínima entre farmácias? Porque não se deixa que o sector farmacêutico faça parte da economia liberalizada, como todos os outros sectores?