11.3.05

Homenagem aos sobreviventes do Tarrafal

Para os que pensam que "os brandos costumes" pátrios suavizaram a prática repressiva do Estado Novo, aí está o Tarrafal. Amanhã é dia de romagem pública de saudade, ao memorial do Alto de São João, em Lisboa. Por António Melo
Há 27 anos, no dia 18 de Fevereiro, levantou-se no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, um memorial às vítimas do Tarrafal, o campo de concentração que o Governo de Salazar, seguindo o modelo da Alemanha nazi, decretou que se construísse nos terrenos do Chão Bom, Achada Grande e Ponte da Achada, em Cabo Verde, "com capacidade para 500 presos".

In http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=11&id=10729&sid=1154

Comentário: A prisão do Tarrafal é uma das mais tristes memórias que temos da ditadura salazarista em Portugal. A homenagem aos seus sobreviventes, assim como aos que lá pereceram, é por isso muito importante. Perder a memória é ir perdendo o que fomos conquistando. A mim, o Tarrafal envergonha-me enquanto português. Mas já chamar a esta prisão um campo de concentração que “seguia o modelo Nazi”, ou chamar-lhe “Auschwitz de via reduzida” é, além de um brutal exagero, um profundo desconhecimento do que foi o Nazismo, do que foram os seus campos de extermínio (e não somente de concentração…) e do que se passou em Auschwitz. No Tarrafal morreram 32 pessoas (ao que se juntam algumas centenas de doentes e escanzelados). Na Alemanha morreram 6 milhões (ao que se juntam alguns milhões de doentes e escanzelados). Comparar o incomparável é desprezar e mitigar o que foi a chacina e o genocídio Nazi. E, como alguém dizia, “o mal absoluto não admite comparações”.