20.5.05

Governo equaciona aumento de impostos

Sócrates vai comunicar as medidas difíceis à Assembleia da República na próxima quarta-feira
O aumento de impostos pode constar entre as medidas difíceis que o primeiro-ministro, José Sócrates, vai anunciar à Assembleia da República na próxima quarta-feira, soube o PÚBLICO. Sócrates falará aos deputados depois de a comissão Constâncio revelar o real estado das contas públicas e o apuramento do défice deste ano.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=05&d=20&uid=&id=21643&sid=2362

Comentário: Da mesma forma que fez Durão Barroso, aquando da sua chegada ao topo da hierarquia executiva portuguesa, também José Sócrates pondera o aumento de impostos, ao arrepio do prometido na sua campanha eleitoral. Com um défice de 7% ou superior, como irá ser ser anunciado pelo Banco de Portugal, com a despesa a continuar a crescer, e com a maior parte das medidas até agora anunciadas pelo Governo a implicarem um aumento dessa mesma despesa, em vez de irem no sentido contrário, como seria desejável, a verdade é que, mais uma vez, se vai optar pelo caminho mais fácil, a subida de impostos. É muito mais difícil combater o “monstro”, de facto; e esta provável subida de impostos é uma medida contraproducente, pois levará à tendência de gastar mais dinheiro ainda, agravando ainda a necessária competitividade das empresas nacionais (o que poderá levar a mais desemprego, como alerta Cavaco Silva).
A solução está no lado da despesa. A política de Manuela Ferreira Leite, de contenção, de rigidez na despesa, de “obsessão” pelo défice era a mais correcta do ponto de vista económico e orçamental. Bagão Félix e Santana começaram a acreditar, erradamente, que os bons tempos estavam para chegar, e Sócrates vai optando pelo caminho errado. A solução do país passa pela “obsessão” do lado da despesa, e não pela espera do milagre do lado da receita. Não há volta a dar-lhe.