21.7.05

Sócrates força demissão de Campos e Cunha

As dúvidas do ex-ministro das Finanças sobre os investimentos públicos levaram Sócrates a decidir-se pelo seu afastamento. O artigo escrito no PÚBLICO do passado domingo foi considerado um acto de falta de solidariedade com o resto do Governo, ao pôr em causa projectos como a Ota e o TGV. Teixeira dos Santos é o novo ministro de Estado e das Finanças.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=07&d=21&uid=&id=31196&sid=3437

Comentário: No passado Domingo o agora ex-Ministro escreveu um artigo, no Público, muito lúcido, onde afirmava, entre outras coisas, que “[a] ideia de que o investimento é sempre algo de bom é errada. (...) Hoje viveríamos melhor se certos investimentos não tivessem sido realizados.”. É claro que este era um aviso dirigido aos investimentos publicitados pelo Governo nos últimos dias. De facto, num país a atravessar uma tão grave crise orçamental e económica, é estranha a “oferta” de tantos milhões de investimento, muito dele sem a cabal justificação da sua utilidade a nível de crescimento económico. Naturalmente que o investimento, muito em especial em alturas de recessão, é fundamental. Mas deve ser, também por isso, escolhido criteriosamente. Daí os avisos de Campos e Cunha, daí as suas naturais dúvidas em relação aos astronómicos investimentos em projectos como a OTA e o TGV. Este professor universitário era um mau político, e caiu por essa razão. Veremos se o próximo – Teixeira dos Santos – mantém a análise lúcida da situação do país, ou se envereda pelo “despesismo”, muito habitual nos governos socialistas. Desta escolha depende o futuro de Portugal.