16.6.06

Internet e tecnologia digital alimentam mundo "gratuito" de Agostinho da Silva

Estará a utopia de uma civilização da gratuitidade a dar os primeiros passos? Estará a tecnologia digital a criar condições materiais para o acesso fácil e barato a uma multidão de bens e serviços? Os sinais são contraditórios. E invertem as prioridades do mundo sonhado por Agostinho da Silva: produtos ligados à cultura e ao lazer parecem mais acessíveis, mas continua a ser impossível fazer download de bifes, sapatos e casas para habitar...
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=06&d=16&uid=&id=84346&sid=9172

Comentário: O português Agostinho da Silva acreditava que o progresso tecnológico iria criar, no futuro, um mundo que, aos olhos de hoje, surge como utópico: não existiria economia, não existiria Governo. Não era preciso dinheiro para nada. Tudo era gratuito, não era preciso gastar nem ganhar dinheiro (ele dizia que o homem era feito para criar, não para trabalhar). A sociedade perfeita?
Este pensador português morreu em 1996, por alturas do nascimento da Internet, e portanto não assistiu ao crescimento ubíquo deste fenómeno – fenómeno este inicialmente tecnológico, mas cada vez mais sociológico. Na verdade, hoje há livros gratuitos na Internet (google books ou http://www.gutenberg.org/, por exemplo). Há viagens de avião ao preço da chuva (ontem vi viagens para Londres a 0.99£, o que faz com que, mesmo acrescentando as taxas e outros gastos, seja mais barato ir de Aveiro a Londres do que ir da nossa capital a Aveiro...! :)). Há jornais diários grátis. Conseguem fazer-se telefonemas gratuitos (entre computadores e até para a rede fixa!). Etc. Etc. E tudo tem um denominador comum: a Internet.
Será que, no futuro, Agostinho da Silva acabará por ter razão?