16.1.07

Que não se julgue que a culpa é da OPEP e da Galp

Eduardo Moura
Há um ano e meio, a gasolina sem chumbo 98 custava 1,235 por litro. Agora custa 1,321. Naquela altura, o barril de petróleo custava 53 dólares, agora custa exactamente o mesmo. Só que então, o dólar valia 0,82 euros e agora vale apenas 0,78. Quem é que afinal está a ganhar dinheiro?
Em primeiro lugar, precisamos perceber que há 18 meses atrás, as refinarias, como por exemplo a Galp, estavam a comprar o litro de petróleo a cerca de 27 cêntimos de euro. A certa altura de Agosto de 2006, depois de brutais aumentos o preço do barril de crude bateu nos 78 dólares, e as refinarias estavam a comprar o litro a cerca de 37 cêntimos de euro. Agora, os contratos de compra de crude estão a ser feitos a cerca de 26 cêntimos por litro.
A verdade é que o Estado fica com a parte de leão do preço dos combustíveis. Só em IVA, para a referida gasolina sem chumbo 98, o Estado está a receber 22,9 cêntimos por litro. Mas, além disto, em Imposto sobre os Produtos Petrolíferos, o Estado ainda arrecada mais 58,9 cêntimos.

Portanto, feitas as contas para cada litro de gasolina, a OPEP arrecada 26 cêntimos, o Estado fica com 81,8 cêntimos e, finalmente, todo o processo de transporte, refinação e distribuição de gasolina fica com 24,3 cêntimos.
Agora, se olharmos para 18 meses atrás verificamos que o Estado, em IVA e ISP, arrecadava 72,3 cêntimos, a OPEP 27 cêntimos e todo o processo de transporte, refinação e distribuição ficava com 24,2 cêntimos.
Fica claro que o aumento de preço de 8,6 cêntimos não se fica a dever à OPEP, não se fica a dever à Galp, nem à variação da taxa de câmbio do dólar pelo euro, mas exclusivamente ao aumento dos impostos.
In http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Opiniao&CpContentId=289003

Comentário: Este artigo de Eduardo Moura, do Jornal de Negócios (do qual reproduzo só parte) faz umas contas bem interessantes. É curioso compreender que o Estado arrecada 62% do preço total que pagamos pela gasolina, enquanto que os restantes 40% são partilhados pelos produtores de crude (19,5%) e pelas refinarias/distribuidoras (18,5%). Ainda há poucos dias conversava com uns Amigos aqui do Fórum: mas se o petróleo voltou ao preço de há uns meses atrás, porque é que nós continuamos a pagar praticamente o mesmo? Quem está a ganhar com isto? A resposta aí está: o Estado. Que o gaste bem gasto, é o que desejo...