23.11.05

Estudos dizem que aeroporto fica pago em 23 anos

O modelo de concurso público a ser lançado só vai ser definido agora mas, com base nos estudos de viabilidade financeira ontem apresentados, o aeroporto de Lisboa não terá grande peso no Orçamento do Estado. Pode até ter custo zero, se avançar a ideia ontem defendida de cobrar aos passageiros da Portela uma taxa para pagar o novo aeroporto a partir de 2010. Por Inês Sequeira e Luísa Pinto
Está oficializada a decisão de construir um novo aeroporto internacional de Lisboa na Ota, que esteja operacional em 2017. Numa mediática sessão de esclarecimento público, durante todo o dia de ontem, o Governo de José Sócrates anunciou que a NAER, empresa do Estado encarregue da obra, vai começar a desenhar um modelo de transacção e financiamento para a construção do novo aeroporto, orçado em 3100 milhões de euros. O objectivo é garantir a atractividade para os capitais privados e minimizar a participação de capitais públicos, "que deve ser residual na exacta medida do necessário para que o projecto seja socialmente aceitável e económica e financeiramente atractivo", como sintetizou o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos Costa. Também terão que ser estabelecidos, nesse modelo, os limites máximos de risco a incorrer pelo Estado.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=11&d=23&uid=&id=50315&sid=5580

Comentário: As minhas dúvidas em relação ao aeroporto da OTA mantêm-se, porque infelizmente não foram cabalmente esclarecidas: dada a actual conjuntura económica, com a total estagnação da nossa economia, é possível embarcar num investimento desta magnitude – não haveriam soluções mais “em conta”? Não se poderia utilizar, por exemplo, o Montijo, como destino para as companhias “low cost” (como Stansted ou Luton em Londres)? Em Londres o aeroporto de Gatwick tem apenas uma pista, e pode, mesmo assim, receber cerca de 30 milhões de passageiros; por que é que a Portela só pode aspirar a ter 15 milhões (um dos consultores iniciais – British Airport Authority –afiançou o número de 22 milhões, mas esse parece ter sido esquecido entretanto)?
E porque não se levaram em conta as rejeições de todas as companhias aéreas, da generalidade dos empresários, dos operadores turísticos, etc.? Os bancos, naturalmente, apoiam, mas isso é óbvio! Eles vivem exactamente destes grandes investimentos…
Há muitas questões que ficam, assim, por clarificar, o que é mau num investimento que representa tantos milhões de Euros. De qualquer forma, é também um facto que a decisão é política, e que o Governo tem legitimidade para avançar com o aeroporto na Ota. Eu até nunca fui muito favorável à Portela, pois a localização central na cidade retira muita qualidade de vida aos habitantes, devido à poluição sonora insuportável (eu que o diga, que moro mesmo perto, e sofro o tormento do barulho dos aviões a chegar e a partir), e naturalmente devido ainda a questões de segurança (uma pequena falha na aterragem provocaria uma catástrofe). Mas isso era uma discussão para a altura em que o aeroporto foi construído, e não para agora.
Penso que, tomada que está a decisão, devemos agora exigir, ao menos, que não se gaste mais do que o previsto, e que este investimento tenha rentabilidade a longo prazo. Esperemos que não tenha sido uma decisão ideOTA, e que não faça de nós um bando de OTArios… :)