23.3.06

Esperança e prudência em Espanha

O comunicado da organização basca é propositadamente "magro". A sua redacção, quase seca, não recorre à habitual retórica. Não há a reivindicação do direito à autodeterminação. Mas também não há renúncia às armas. Hoje, os terroristas deverão divulgar uma nova declaração para "consumo interno". O facto de haver uma dupla redacção com o mesmo propósito, o fim do terrorismo, dá consistência à missiva de ontem. Por Nuno Ribeiro, Madrid
Num comunicado ontem enviado a alguns meios de comunicação e confirmado por um vídeo, a ETA anunciou um cessar-fogo permanente. A missiva suscita esperanças no País Basco e em Espanha, embora o Governo tenha reagido com prudência."Euskadi Ta Askasatuna decidiu declarar um cessar-fogo permanente a partir de 24 de Março de 2006." É assim que começa o curto comunicado através do qual os etarras anunciam uma nova fase.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=03&d=23&uid=&id=69684&sid=7647

Comentário: A ETA assumiu, publicamente, a derrota. A repressão policial e judicial (legal, sublinhe-se) e a perseguição aos seus membros, começada pelo governo de Aznar e prosseguida pelo actual, mostra agora os seus efeitos. No entanto, algumas cedências por parte de Zapatero fizeram com que ainda tivessem ficado algumas dúvidas, e possivelmente este grupo xenófobo terrorista terá recebido alguns “donativos” do actual Executivo para ter dado este passo.
A oportunidade é, no entanto, para aproveitar, mas não se pode ceder no mais importante. Não se podem libertar os assassinos entretanto capturados, como forma de “indulto” pela atitude da ETA, pois isso seria legitimar a violência. Este foi, de facto, mais um passo positivo, mas deve ser encarado “com calma, com prudência”, como afirmou, e muito bem, Zapatero.