Engenheiro?
Ainda a propósito da polémica em torno do curso do nosso Primeiro-Ministro, penso que o editorial de ontem do Director do Público, José Manuel Fernandes, foi bastante elucidativo e, por isso, penso que de leitura obrigatória. Vou colocar aqui alguns pedaços do mesmo, pois concordo em absoluto com o que este jornalista escreveu. É que com todas estas novidades que têm saído nos jornais nos últimos dias, se calhar o José Manuel Fernandes tem mesmo razão no título que escolheu: “Altura de fazer ainda mais perguntas”. Então aqui vai:
“Quando o PÚBLICO decidiu publicar os primeiros resultados da investigação sobre como o primeiro-ministro obtivera a sua licenciatura, fizemos questão de sublinhar que nos seria sempre absolutamente indiferente saber se José Sócrates era engenheiro, licenciado em Engenharia, bacharel ou se tinha ficado pela antiga 4ª classe. Coisa bem diferente era a de saber se havia procedido de forma correcta para obter o seu título universitário.”
“Hoje, o PÚBLICO acrescenta mais dados a este dossier. Por um lado, um documento do Ministério da Educação indica que, na UnI, não foi concluída nenhuma licenciatura no curso de Engenharia no ano em que José Sócrates obteve o seu diploma. Um lapso dos serviços dessa Universidade? É possível. Mas então por que motivo não respondeu o gabinete do ministro da Ciência e do Ensino Superior às perguntas que lhe foram dirigidas pelo Expresso?”
“Como se sabe, uma das dúvidas no processo da licenciatura na UnI era o facto de quatro das cinco cadeiras terem sido leccionadas pelo mesmo professor, António José Morais. Ora sucede, como hoje revelamos, que esse docente distribuiu um currículo muito detalhado onde referia só ter leccionado duas cadeiras na UnI em 1996 (o ano em causa), sendo que só uma delas coincide com as do diploma do primeiro-ministro. Trata-se do docente que ocupou, durante os governos PS, altos cargos na Administração Pública que suscitaram "casos" que levaram à sua demissão. Contra o mesmo professor corre também, neste momento, um processo disciplinar na Universidade Técnica de Lisboa.” [Acrescento eu que este processo disciplinar decorre devido ao facto do dito docente estar em regime de dedicação exclusiva na UTL, mas mesmo assim acumulava funções docente na UnI – ora como se sabe quando estando ele ligado exclusivamente à UTL não poderia acumular mais nenhuma função remunerada em qualquer outro local...]
“Quem nada tem a esconder tudo pode explicar, nomeadamente: por que motivo trocou o ISEL, uma escola pública prestigiada, pela Independente, para terminar a sua licenciatura? Por que motivo consta do seu processo uma nota manuscrita numa folha com o timbre da Secretaria de Estado do Ambiente e dirigida ao reitor da UnI? Por que começou por se autodesignar engenheiro e, depois, passou a licenciado em Engenharia Civil? Por que mantém no site a indicação de que fez uma pós-graduação em Engenharia Sanitária na Escola Nacional de Saúde Pública, pós-graduação que nunca existiu, depois de o próprio ter dito ao PÚBLICO que apenas frequentou nessa escola um curso para engenheiros municipais? Por que enviou para a SIC uma nota com o seu currículo académico onde não consta essa pós-graduação, mas antes um MBA em Gestão pelo ISCTE, do qual ainda ontem não se dava conta no Portal do Governo?”
“Quando o PÚBLICO decidiu publicar os primeiros resultados da investigação sobre como o primeiro-ministro obtivera a sua licenciatura, fizemos questão de sublinhar que nos seria sempre absolutamente indiferente saber se José Sócrates era engenheiro, licenciado em Engenharia, bacharel ou se tinha ficado pela antiga 4ª classe. Coisa bem diferente era a de saber se havia procedido de forma correcta para obter o seu título universitário.”
“Hoje, o PÚBLICO acrescenta mais dados a este dossier. Por um lado, um documento do Ministério da Educação indica que, na UnI, não foi concluída nenhuma licenciatura no curso de Engenharia no ano em que José Sócrates obteve o seu diploma. Um lapso dos serviços dessa Universidade? É possível. Mas então por que motivo não respondeu o gabinete do ministro da Ciência e do Ensino Superior às perguntas que lhe foram dirigidas pelo Expresso?”
“Como se sabe, uma das dúvidas no processo da licenciatura na UnI era o facto de quatro das cinco cadeiras terem sido leccionadas pelo mesmo professor, António José Morais. Ora sucede, como hoje revelamos, que esse docente distribuiu um currículo muito detalhado onde referia só ter leccionado duas cadeiras na UnI em 1996 (o ano em causa), sendo que só uma delas coincide com as do diploma do primeiro-ministro. Trata-se do docente que ocupou, durante os governos PS, altos cargos na Administração Pública que suscitaram "casos" que levaram à sua demissão. Contra o mesmo professor corre também, neste momento, um processo disciplinar na Universidade Técnica de Lisboa.” [Acrescento eu que este processo disciplinar decorre devido ao facto do dito docente estar em regime de dedicação exclusiva na UTL, mas mesmo assim acumulava funções docente na UnI – ora como se sabe quando estando ele ligado exclusivamente à UTL não poderia acumular mais nenhuma função remunerada em qualquer outro local...]
“Quem nada tem a esconder tudo pode explicar, nomeadamente: por que motivo trocou o ISEL, uma escola pública prestigiada, pela Independente, para terminar a sua licenciatura? Por que motivo consta do seu processo uma nota manuscrita numa folha com o timbre da Secretaria de Estado do Ambiente e dirigida ao reitor da UnI? Por que começou por se autodesignar engenheiro e, depois, passou a licenciado em Engenharia Civil? Por que mantém no site a indicação de que fez uma pós-graduação em Engenharia Sanitária na Escola Nacional de Saúde Pública, pós-graduação que nunca existiu, depois de o próprio ter dito ao PÚBLICO que apenas frequentou nessa escola um curso para engenheiros municipais? Por que enviou para a SIC uma nota com o seu currículo académico onde não consta essa pós-graduação, mas antes um MBA em Gestão pelo ISCTE, do qual ainda ontem não se dava conta no Portal do Governo?”
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