13.10.07

Um Nobel conveniente para ajudar o planeta

A escolha de Gore para Nobel da Paz originou mais polémica do que a do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
Muitos aplaudiram, outros discordaram. Mas o favoritismo vingou e Al Gore foi agraciado, ontem, com o Prémio Nobel da Paz, pelo impacto do seu trabalho de divulgação dos riscos do aquecimento global. O Comité Nobel da Noruega dividiu o prémio entre o ex-vice-presidente norte-americano e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), ligado às Nações Unidas.

In Público, Secção Destaque

Comentário: Na minha modesta opinião, o Al Gore é um político oportunista. A sua incursão nestes temas ambientais é uma forma de auto-promoção – e isso demonstra-se facilmente com o facto de ele não ter feito das alterações climáticas um tema da sua campanha à presidência. Por outro lado, o prémio Nobel é, no meu entender, um prémio político. Muito em especial o da Paz. Por isso a agraciação do ex-vice presidente dos EUA com este prémio tem um significado político muito grande. E são estes factos – a incursão oportunista e a politização do prémio – negativos? Na minha opinião, não.
O prémio Nobel é o galardão mais desejado do Mundo. Os seus detentores passam a ser venerados internacionalmente. É uma espécie de “santificação terrena”. Por isso desempenha um importantíssimo papel político. E por isso tem sido (normalmente bem) aproveitado pelo comité para enviar importantes mensagens políticas. Exemplos disso são o prémio Nobel a Kissinger e ao chanceler norte-vietnamita (que recusou o prémio) pelo acordo de paz no Vietname, o prémio a Arafat, Rabin e Shimon Peres, etc.
Al Gore fez um documentário com muitas inverdades científicas (pelo menos 9, que foram detectadas pelo juiz Michael Burton, do Supremo Tribunal de Londres), mas tem tido o grande mérito de divulgar os riscos do aquecimento global com um impacto que até hoje não tinha sido conseguido (o facto de ter sido vice-Presidente de um país que tem grandes responsabilidades neste grave problema também não é despiciendo, e é uma “bofetada”, como dizia a notícia, ao mentecapto Bush). Por isso – e porque de facto os riscos são muito sérios – o prémio Nobel da Paz foi, em minha opinião, bem atribuído a Al Gore e ao IPCC.