12.5.05

Concurso familiar

A classificação final do concurso externo de ingresso para assistente administrativo no Instituto Politécnico de Lisboa (IPL) está cheia de coincidências.

Dos 273 candidatos admitidos para o preenchimento de 20 vagas, os primeiros classificados são familiares de dirigentes do IPL e de duas unidades orgânicas afectas: Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCAL) e Instituto Superior de Engenharia (ISEL). Quanto aos membros do júri de concurso, são subordinados hierárquicos dos familiares dos candidatos.

DESCUBRA AS COINCIDÊNCIAS

Ao concurso externo de ingresso para assistente administrativo concorreram 663 candidatos. Foram admitidos 278.O primeiro classificado foi Tiago Ferrolho, filho do presidente do Conselho Directivo do Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCAL), Júlio Ferrolho; a presidente do júri do concurso, Maria de Lurdes Azinheiro, é secretária... do ISCAL.
A segunda classificada, Sofia Marques, é sobrinha do administrador do IPL, António José Marques. Os quarto e sexto classificados, Edgar Brandão e Rui Correia, são sobrinho e filho, respectivamente, da secretária do Instituto Superior de Engenharia (ISEL), Graciete Pinto Correia. Os dois vogais efectivos do júri do concurso são funcionários... do ISEL. Entre os vinte primeiros há ainda o filho de uma funcionária do IPL, casada com um ex--funcionário... do ISEL.


In http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=159757&idselect=10&idCanal=10&p=94

Comentário: Assim funcionam os concursos públicos em Portugal. Acabei, agora mesmo, de ter uma reunião com o Presidente do IPL, exactamente no dia em que esta notícia veio a público, e os pormenores que ele nos contou são escandalosos. E, naturalmente, este não é um caso virgem: é até muito comum, segundo nos disse. Num concurso de quase 700 pessoas, nos 20 primeiros lugares (em 20 vagas), aparecem 6 familiares de membros de instituições ligadas ao IPL. O Presidente confidenciou-nos ainda que muitos dos candidatos que ficaram nos primeiros lugares tiveram notas fracas nos testes realizados, e ele não compreendia como é que o júri tinha dado aquelas classificações. Apercebendo-se disso, o Presidente do IPL nunca chegou a homologar o concurso. Além disso, acrescentou ainda que vai cancelar todos os concursos actuais, criando ainda novas regras que obriguem a uma maior transparência em todos estes processos. Ainda bem – mais vale tarde que nunca.