9.5.05

Presidentes Bush e Putin tentam ultrapassar divisões

A preparar o encontro dos dois líderes, Condoleezza Rice disse que os EUA não querem "dar lições" à Rússia mas sim reforçar os laços
O Kremlin organizou para hoje mais de cinco mil eventos em Moscovo, a fim de impressionar o mundo e convencê-lo das suas posições face aos resultados da II Guerra Mundial. As divergências neste campo entre os presidentes Vladimir Putin e George W.Bush, bem como diferentes pontos de vista face a vários problemas internacionais não vão, porém, estragar a festa, porque ambos preferiram concentrar a atenção na vitória dos Aliados sobre o regime nazi alemão e no que une a Rússia e os Estados Unidos.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=05&d=09&uid=&id=19877&sid=2168

Comentário: A conferência de Ialta marcou o início da Guerra-fria. A conferência dos vencedores da 2ª Guerra Mundial, que juntou Roosevelt, Churchill e Estaline, dividiu o Mundo e criou as raízes para os conflitos ideológicos entre EUA e União Soviética, o que culminaria em 45 anos de tensão nuclear. Mas haveria uma forma diferente de resolver a situação do pós-guerra? Acredito, pragmaticamente, que não.
Apesar das divergências entre as democracias ocidentais e a ditadura comunista a verdade é que o inimigo – Hitler e o Nazismo – era comum, e isso levou à conjugação de esforços entre potências antagónicas. Sem os soviéticos Hitler não seria derrotado. A morte de mais de 20 milhões de russos para pôr fim à brutalidade que foi a 2ª Guerra Mundial não poderia ser escamoteada, o poderio militar da União Soviética não poderia ser desprezado. Estaline tinha “a faca e o queijo na mão”, e pôde negociar de igual, com os outros vencedores, a divisão do Mundo.
Infelizmente, para as agora repúblicas da ex-União Soviética, o fim da segunda guerra só se deu com a queda do Muro de Berlim e o colapso do comunismo. As próprias ditaduras portuguesa e espanhola se mantiveram até à década de 70. De qualquer forma, não me parece que, em 1945, fosse possível dividir o mapa-mundi de forma diferente da que foi feita. Churchill e Roosevelt tiveram de aceitar, pragmaticamente, que ainda não era chegado o tempo da democracia no Mundo inteiro. Ainda não se tinha chegado ao “Fim da História” (Fukuyama).