Holandeses preparam-se para repetir "terramoto" francês
As últimas sondagens dão o "não" vitorioso com quase 60 por cento. Os resultados do referendo em França podem servir ainda para afastar das urnas os apoiantes holandeses da Constituição
O Governo holandês tentava ontem desesperadamente defender o "sim" à ratificação do Tratado Constitucional Europeu, trazendo a terreiro para além dos ministros que se desdobraram em sessões de esclarecimento, figuras de peso como a comissária europeia holandesa da Concorrência, Neelie Kroes e o antigo presidente do Banco Central, Wim Duisenberg.Mas, segundo as últimas sondagens, divulgadas na segunda-feira, este esforço pode ter pecado por tardio: os inquéritos de opinião mostravam o "não" à frente com 59 a 60 por cento, sem contar com os indecisos. Uma outra sondagem, do instituto NIPO, dava 51 por cento ao "não" e 37 por cento ao "sim", com 12 por cento de indecisos. Hoje cerca de 11,6 milhões de holandeses são chamados a dizer "sim" ou "não" à ratificação do Tratado Constitucional Europeu.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=06&d=01&uid=&id=23425&sid=2579
Comentário: Ontem a França, hoje a Holanda, amanhã a Dinamarca, o Reino Unido… Conclusão: o Tratado Constitucional implodiu. E cada vez que um “Não” ganhar, a tendência será para que surjam cada vez mais eleitores a votar contra a “Constituição para a Europa”. É como uma bola de neve: quando se começa a pressentir que a nossa voz é ouvida, temos novas forças para começar a gritar ainda mais alto. Com este tratado, com os líderes europeus actuais, não creio que a União avance muito mais no entretanto. Nem entrarão países novos (a entrada da Turquia, em especial, será enviada para as calendas gregas), nem haverá maior progresso institucional (seja a nível do sistema de voto – continuaremos como estamos, usando o Tratado de Nice –, seja a nível das políticas – externa e de defesa, principalmente). O comboio europeu estagnará por algum tempo. Será isto bom ou mau? É difícil predizer, mas penso que a UE não é uma “bicicleta em movimento”, no sentido em que, se parar, estatela-se no chão. Talvez esta paragem permita uma reflexão necessária, juntamente com a definição clara, para todos, sobre o que queremos que seja esta nossa União.
Uma coisa importante, e curiosa, é que, se o tratado fosse aprovado por via parlamentar, a votação recairia no “Sim” com mais de 80% dos votos. Isto ilustra claramente o afastamento entre o eleitorado e os governantes. E nos 9 países que já ratificaram o Tratado por via parlamentar, quem nos asseguraria que os eleitores também votariam “Sim”? Ninguém. Mais ainda, penso que neste momento já tínhamos mais alguns países do lado do “Não” francês.
O Governo holandês tentava ontem desesperadamente defender o "sim" à ratificação do Tratado Constitucional Europeu, trazendo a terreiro para além dos ministros que se desdobraram em sessões de esclarecimento, figuras de peso como a comissária europeia holandesa da Concorrência, Neelie Kroes e o antigo presidente do Banco Central, Wim Duisenberg.Mas, segundo as últimas sondagens, divulgadas na segunda-feira, este esforço pode ter pecado por tardio: os inquéritos de opinião mostravam o "não" à frente com 59 a 60 por cento, sem contar com os indecisos. Uma outra sondagem, do instituto NIPO, dava 51 por cento ao "não" e 37 por cento ao "sim", com 12 por cento de indecisos. Hoje cerca de 11,6 milhões de holandeses são chamados a dizer "sim" ou "não" à ratificação do Tratado Constitucional Europeu.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=06&d=01&uid=&id=23425&sid=2579
Comentário: Ontem a França, hoje a Holanda, amanhã a Dinamarca, o Reino Unido… Conclusão: o Tratado Constitucional implodiu. E cada vez que um “Não” ganhar, a tendência será para que surjam cada vez mais eleitores a votar contra a “Constituição para a Europa”. É como uma bola de neve: quando se começa a pressentir que a nossa voz é ouvida, temos novas forças para começar a gritar ainda mais alto. Com este tratado, com os líderes europeus actuais, não creio que a União avance muito mais no entretanto. Nem entrarão países novos (a entrada da Turquia, em especial, será enviada para as calendas gregas), nem haverá maior progresso institucional (seja a nível do sistema de voto – continuaremos como estamos, usando o Tratado de Nice –, seja a nível das políticas – externa e de defesa, principalmente). O comboio europeu estagnará por algum tempo. Será isto bom ou mau? É difícil predizer, mas penso que a UE não é uma “bicicleta em movimento”, no sentido em que, se parar, estatela-se no chão. Talvez esta paragem permita uma reflexão necessária, juntamente com a definição clara, para todos, sobre o que queremos que seja esta nossa União.
Uma coisa importante, e curiosa, é que, se o tratado fosse aprovado por via parlamentar, a votação recairia no “Sim” com mais de 80% dos votos. Isto ilustra claramente o afastamento entre o eleitorado e os governantes. E nos 9 países que já ratificaram o Tratado por via parlamentar, quem nos asseguraria que os eleitores também votariam “Sim”? Ninguém. Mais ainda, penso que neste momento já tínhamos mais alguns países do lado do “Não” francês.
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