30.1.06

Israel satisfeito com posição internacional face ao Hamas

A chanceler alemã recusou encontrar-se com responsáveis do movimento islamista
O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, relatou ontem na reunião semanal do Executivo os esforços feitos pelo Estado hebraico para ser apoiado pela comunidade internacional na sua tentativa de isolar o Hamas enquanto o movimento não desista da luta armada e de pedir a destruição do Estado de Israel.Olmert relatou os três princípios que Israel quer ver respeitados pela Autoridade Palestiniana (AP): o desarmamento do Hamas e das outras facções combatentes, a anulação da carta fundadora do Hamas que pede a destruição do Estado hebraico e o respeito de todos os acordos assinados entre Israel e a AP. Sem isto, "Israel não terá quaisquer contactos com os palestinianos".
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=30&uid=&id=61000&sid=6748

Comentário: Quando se pugna tanto pela democracia, tem de se estar disponível para aceitar os seus resultados. O Hamas venceu, claramente, as eleições na Palestina. Tem neste momento a maioria absoluta, com 74 deputados num total de 132 – a Fatah quedou-se pelos 45. Isto traz inúmeros problemas, já apontados pela comunidade internacional. Os mais graves são dois:
1) o Hamas é ainda um grupo terrorista, e rejeita o desarmamento;
2) a carta fundadora do Hamas pede a destruição do Estado de Israel.
Este partido, agora no poder, deseja criar um estado teocrático, islâmico, apesar da maioria da população desejar um estado laico. Então e como é que o Hamas ganhou as eleições? Duas razões principais:
1) o slogan do Hamas era “não somos corruptos”. De facto, as principais razões da derrota da Fatah foram os graves problemas de corrupção, peculato, abuso de poder e má governação enquanto foi governo;
2) o Hamas tem um rede assistencial, que vai da saúde à educação, muito bem organizada e com reputação no meio do povo palestino.
Em resumo, um partido extremista chega ao poder porque o partido (agora) mais moderado é corrupto, governa mal e promove o nepotismo. Entretanto os extremistas islâmicos, populistas e “assistencialistas” vão chegando, devagarinho, ao povo e, numas eleições democráticas, chegam ao poder (e isto não é só no mundo árabe – pode muito bem acontecer no mundo ocidental, como os casos Le Pen e Jorg Haider o demonstram, se bem que de forma distinta). Se isto significar uma acalmia e uma atitude pragmática do Hamas – tal como sucedeu com a Fatah há tempos atrás – estes resultados até podem ser positivos. Mas caso a radicalidade destes terroristas não termine, o Médio Oriente pode entrar numa espiral de violência cada vez mais aterradora.