6.2.06

Radicais islâmicos alimentam com fogo a "guerra das embaixadas"

Multidões enfurecidas tomaram ontem de assalto as ruas de Beirute. Incendiaram a Embaixada da Dinamarca e apedrejaram uma igreja, perante a cristalina incapacidade das forças policiais de as susterem. O ministro do Interior demitiu-se. Foi o segundo dia de violência contra os cartoons que satirizam Maomé e a Europa já não tem dúvidas de que se está perante uma situação "séria e grave". A União Europeia parece ter a consciência de que, num momento como este, só pode falar a uma só voz.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=02&d=06&uid=&id=62101&sid=6863

Comentário: As multidões que ficam indignadas por causa de uns retratos de Maomé, são exactamente as mesmas multidões que não se indignam com ataques terroristas, que acham normal os homens-bomba suicidas, que aceitam que as mulheres sejam apedrejadas até à morte porque praticaram “adultério” – e escrevo entre aspas porque o “adultério” deles é uma mulher divorciada (!) estar com outro homem (e muitas vezes, para piorar a situação, é objecto de abuso desse homem!) –, que acham aceitável práticas indignas como a excisão do clitóris. Os exemplos macabros são imensos.
Vários responsáveis políticos ocidentais condenaram os cartoons, entretanto. Nós, que vivemos num Mundo Livre, sem opressão, onde se respeitam os Direitos Humanos, ainda temos de pedir desculpa por exercer um direito inalienável, o da livre expressão. Alguma vez estes radicais fundamentalistas nos pediram desculpa pelos ataques terroristas? Alguma vez pediram desculpa às suas mulheres, que são desrespeitadas e tratadas como objectos de casta inferior – sendo verdadeiros párias dentro da sua sociedade? Será possível que nos tenhamos de agachar a este ponto, ir contra as nossas conquistas dos últimos séculos (desde Sócrates, passando pela Magna Carta, atravessando Galileu, lembrando 1789, etc., etc.), só por medo de represálias? Eu, descrente do mito guevarista, admiro pelo menos a postura de Ernesto "Che" Guevara: “Prefiro morrer de pé, que viver sempre ajoelhado”.