12.4.06

Romano Prodi Vencedor com vida difícil

Já uma vez tinha derrotado o todo--poderoso Il Cavaliere e não falhou à segunda. Espera governar cinco anos e promete "um novo começo"
O mar de gente e bandeiras que esperou até às três da manhã para ver Romano Prodi abrir uma garrafa de champanhe em Roma aplaudiu-o em uníssono. Mas entre cartazes que festejavam antes do mais o adeus a Silvio Berlusconi, os símbolos erguidos por horas a fio pertenciam a diferentes partidos e nenhum é seu. "Sim, posso governar cinco anos. A lei permite-me, é certo que será preciso trabalhar duro", afirmou ontem o novo líder de Itália.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=04&d=12&uid=&id=73285&sid=8015

Comentário: Afinal, parece que Prodi venceu as eleições. Dado como favorito nas sondagens, só mesmo na contagem final dos votos conseguiu uma vitória à tangente... e mesmo assim a governação vai ser extremamente complicada – para não dizer impossível. É curioso, ainda, que tenham sido os votos dos emigrantes a dar a vitória a Romano Prodi – curioso porque foi a direita (os pós-fascistas da Aliança Nacional) que deu aos emigrantes a possibilidade de votar.

Entre os dois candidatos às eleições italianas, viesse o Diabo e escolhesse. Silvio Berlusconi, Il Cavaliere, foi o Primeiro-Ministro que mais tempo aguentou no Poder desde a II Guerra Mundial. Uma estabilidade que não tem sido frequente neste país, e por isso é de saudar. É, aliás, provalvelmente, a única coisa boa a recordar dos mandatos de Berlusconi. De resto, é quase tudo mau: a economia italiana cresce pouco, a nível de competitividade o país caiu do 20º para o 47º lugar no ranking mundial (em apenas cinco anos!), e ainda tem uma das dívidas externas mais gigantescas do mundo, de 106% PIB. Além disso, Il Cavaliere é uma pessoa absolutamente boçal. Além das tiradas nojentas que, dia sim, dia não, lança, exerceu influências “esquisitas” (para dizer o mínimo) na justiça – para se safar em processos em que estava envolvido –, controlou totalmente os media (serviço estatal e os seus poderosos meios privados), etc., etc. Do outro lado, Romani Prodi. Sofrível prestação como Primeiro-Ministro de Itália, mau como Presidente da Comissão Europeia, não dá muitas garantias de conseguir fazer “renascer” a Itália. Pelo menos há uma coisa positiva: a imagem do chefe de executivo italiano melhora substancialmente. Prodi é considerado um homem íntegro e sereno, ao contrário do seu antecessor. Esperemos que consiga pegar nessas suas boas características e faça melhorar as condições económicas, sociais e políticas no seu bonito país.