A nova TLEBS
A autópsia do Tioneu
Vasco Graça Moura
Escritor
Num site do Ministério da Educação (http/www.dgidc.minedu.pt/ TLEBS/CDMateriaisDidacticos/ trabalhos/90_Lusiadas _3C.ppt), pode encontrar-se a TLEBS [Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário] aplicada à análise de uma estrofe de Os Lusíadas (II, 12), destinada aos alunos do 9.º ano e qualificada como "corpo linguístico ambíguo". O facto de o ministério ter acolhido o trabalho feito numa escola básica na sua página da rede fala por si.
(...)
3. Mas há outras coisas pungentes. Noções reaccionárias como sujeito, predicado, complemento directo, complementos circunstanciais, dão lugar a embrulhadas rebarbativas que, do ponto de vista da aprendizagem dos jovens, não adiantam absolutamente nada.
Basta ver como os complementos "...em terra" e "... os giolhos" são descritos. Para o primeiro, temos: "núcleo de um complemento preposicional em posição pós-verbal, constituindo uma unidade sintáctica que serve de locativo à forma verbal põem" e, para o segundo: "núcleo de um grupo nominal que constitui o complemento directo da expressão predicativa anterior". Por sua vez, "... e os sentidos naquele Deus que..." é explicado como "núcleo de um grupo nominal equivalente ao anterior, regido pela conjunção copulativa e que o transforma em complemento directo da expressão predicativa formada pela forma verbal põem".
In http://dn.sapo.pt/2006/11/22/opiniao/a_autopsia_tioneu.html
Comentário: Vale a pena ler o texto todo. Aquilo que nós conhecíamos: “sujeito”, “predicado”, “complemento directo”, “complementos circunstanciais”, etc., vai acabar. Surgem os “núcleos de complementos preposicional em posição pós-verbal, constituindo uma unidade sintáctica que serve de locativo à forma verbal” , os "núcleos de grupos nominais como complemento directo da expressão predicativa ", as “conjunções copulativas”, os “modificadores adjectiváveis”, os “conectores de valor conclusivo”, etc., etc. Isto é a nova terminologia linguística definida pelo Governo. Para ensinar aos miúdos do... 9º ano!... e quem ensina os pais (quando os miúdos fizerem perguntas) e os professores?
Concordo com o Vasco Graça Moura. É o fim da literatura. Nenhum aluno pode aprender a gostar de ler assim...
Vasco Graça Moura
Escritor
Num site do Ministério da Educação (http/www.dgidc.minedu.pt/ TLEBS/CDMateriaisDidacticos/ trabalhos/90_Lusiadas _3C.ppt), pode encontrar-se a TLEBS [Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário] aplicada à análise de uma estrofe de Os Lusíadas (II, 12), destinada aos alunos do 9.º ano e qualificada como "corpo linguístico ambíguo". O facto de o ministério ter acolhido o trabalho feito numa escola básica na sua página da rede fala por si.
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3. Mas há outras coisas pungentes. Noções reaccionárias como sujeito, predicado, complemento directo, complementos circunstanciais, dão lugar a embrulhadas rebarbativas que, do ponto de vista da aprendizagem dos jovens, não adiantam absolutamente nada.
Basta ver como os complementos "...em terra" e "... os giolhos" são descritos. Para o primeiro, temos: "núcleo de um complemento preposicional em posição pós-verbal, constituindo uma unidade sintáctica que serve de locativo à forma verbal põem" e, para o segundo: "núcleo de um grupo nominal que constitui o complemento directo da expressão predicativa anterior". Por sua vez, "... e os sentidos naquele Deus que..." é explicado como "núcleo de um grupo nominal equivalente ao anterior, regido pela conjunção copulativa e que o transforma em complemento directo da expressão predicativa formada pela forma verbal põem".
In http://dn.sapo.pt/2006/11/22/opiniao/a_autopsia_tioneu.html
Comentário: Vale a pena ler o texto todo. Aquilo que nós conhecíamos: “sujeito”, “predicado”, “complemento directo”, “complementos circunstanciais”, etc., vai acabar. Surgem os “núcleos de complementos preposicional em posição pós-verbal, constituindo uma unidade sintáctica que serve de locativo à forma verbal” , os "núcleos de grupos nominais como complemento directo da expressão predicativa ", as “conjunções copulativas”, os “modificadores adjectiváveis”, os “conectores de valor conclusivo”, etc., etc. Isto é a nova terminologia linguística definida pelo Governo. Para ensinar aos miúdos do... 9º ano!... e quem ensina os pais (quando os miúdos fizerem perguntas) e os professores?
Concordo com o Vasco Graça Moura. É o fim da literatura. Nenhum aluno pode aprender a gostar de ler assim...
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