24.1.07

Re: Grande maioria de defensores do "sim" diz ir votar "de certeza" (X)

«Só acrescento que há argumentos que me deixam doidos… Podíamos também defender o direito de opção de cometer assassinatos… Ficava opção de assassinar na consciência de cada um de nós. Quem queria mandava balázio, quem não queria não metia chumbo…»

Não me parece que seja por acaso que o direito ao assassínio ainda não foi a referendo... Não se pode dizer que seja, no presente, uma questão que conduza a enormes interrogações éticas. No presente, claro.

Acho que há um equívoco, entretanto: nunca haverá uma autoridade, científica ou de outro tipo, que nos venha dizer em que ponto o feto deve considerar-se um ser humano. Isso é convencionado. Decide-se, não se descobre. Não é o tipo de tema em que exista «a verdade». É isso que faz dele um problema complexo. E para todos os problemas complexos existe uma resposta simples, clara, directa e estúpida, como dizia o outro.

Quando se trata de opções de valores, em que não há «o valor certo» e, neste caso, em que não há consequências ameaçadoras para a ordem social, não aceito que me digam o que fazer. A lei não serve para dizer paternalmente o que está bem: serve para que possamos viver em conjunto o mais livremente possível.

Vou votar «sim» e isto não tem nada que ver com dizer que sou contra ou a favor do aborto. Acharia natural que alguém pessoalmente contra o aborto votasse «sim». O problema é que as pessoas têm tendência a confundir os seus valores com «a verdade».
(Kiki)