23.1.07

RE: Grande maioria de defensores do "sim" diz ir votar "de certeza" (VII)

Ainda não tinha intervido neste assunto. Nem o farei agora com o tempo que mereceria mas vou fazer um copy/paste de um mail que enviei ontem para outra mailling list onde participo, que se debruça sobre a académica e que pela primeira vez desde que existe está a abordar um tema extra-briosa, onde penso que resume o que penso:

“Andava a evitar meter a minha foice nesta seara mas já que tem sido um dos> assuntos mais activo nos últimos dias aqui na lista deixo breves> apontamentos, não sem antes vos contextualizar. > Não pretendo ir votar pois sou sensível a argumentos de ambos os lados, mas> quanto mais os dias passam, e o debate acontece, cada vez sinto-me mais> próximo dos defensores do não. Posto isto:> > - Julgo que nunca foi nenhuma mulher presa por ter abortado em Portugal nos> últimos 30 anos;> - As poucas "abortadeiras" de vão de escada, que há, não vão acabar... Quem> lá vai tem poucos recursos e muitas das vezes às 10 semanas nem sabe que> está grávida. Vão lá depois...> - Seja esta lei mantida ou alterada, um dos problemas no Pós referendo vai> ser gerir as Listas de espera, e principalmente encontrar equipas médicas> dispostas a efectuar um aborto;> - O aborto é uma vergonha numa família... Ao torna-lo legal a vergonha> diminui? Acho que muitas não vão aos hospitais por vergonha e irão continuar> a ir ao "privado";> - Quantos abortos são feitos em Portugal? Acho que não são assim tantos> quanto se fala mas não sei... > - Há alguma razão científica para ser até às 10 semanas? Ou é assim pela> mesma razão que um jogo tem 90 minutos?> - Como se define as 10 semanas? Pelo dia em que a grávida diz que deu a> pinadela? Ou é a olho?> - Caso uma grávida vá ao hospital para abortar e porque a consulta demorou 1> semana a ser marcada, e já não possa abortar poderá essa grávida exigir do> estado que assuma a totalidade dos encargos com a criança?> - E se essa mesma grávida, ao não lhe ser dado acesso ao aborto gratuito> porque já tem 12 semanas, recorre à iniciativa privada e o médico que a> acompanhou teve conhecimento deverá fazer participação criminal dessa> grávida?;> - Poderá uma grávida com 10 semanas de gestação menos 1 dia recorrer às> urgências de um hospital? E em caso afirmativo qual será a cor a atribuir à> paciente segundo o Sistema de Manchester? Vermelho? E qual a prioridade> entre um politraumatizado e uma grávida no acesso ao bloco operatório?> > Talvez se me desse ao trabalho de ler a tese de doutoramento do cunhal não> tivesse tantas questões...> > Tenho dezenas de dúvidas como estas... por isso prefiro pôr-me de parte. Não> quero fazer parte deste processo de escolha. E pela primeira vez na minha> vida não vou exercer o meu direito e dever de cidadania.> Como o António Matos Godinho disse num email anterior... o mal disto são os> extremos. A Vida não é a Preto e Branco... também há vários níveis de> cinzento. Eu estou lá... no cinzento!> > Mas tento não ser um cinzentão :-)> > Acho que este referendo é um aborto... não a instituição do referendo mas> este referendo.> Acho o nosso processo evolutivo não é perfeito e chegamos a um ponto onde a> nossa evolução exige que façamos um controle da natalidade a qualquer custo> e esse mesma evolução ainda não permite que o façamos sem colocar em causa> valores que suportam toda a sociedade ocidental.> > Talvez daqui a uns anos, e porque a ciência cria soluções, sejamos acusados,> tal como hoje acusamos quem fez a inquisição, mas para nós actualmente faz> sentido... pelo menos para alguns.Andava a evitar meter a minha foice nesta seara mas já que tem sido um dos> assuntos mais activo nos últimos dias aqui na lista deixo breves> apontamentos, não sem antes vos contextualizar. > Não pretendo ir votar pois sou sensível a argumentos de ambos os lados, mas> quanto mais os dias passam, e o debate acontece, cada vez sinto-me mais> próximo dos defensores do não. Posto isto:> > - Julgo que nunca foi nenhuma mulher presa por ter abortado em Portugal nos> últimos 30 anos;> - As poucas "abortadeiras" de vão de escada, que há, não vão acabar... Quem> lá vai tem poucos recursos e muitas das vezes às 10 semanas nem sabe que> está grávida. Vão lá depois...> - Seja esta lei mantida ou alterada, um dos problemas no Pós referendo vai> ser gerir as Listas de espera, e principalmente encontrar equipas médicas> dispostas a efectuar um aborto;> - O aborto é uma vergonha numa família... Ao torna-lo legal a vergonha> diminui? Acho que muitas não vão aos hospitais por vergonha e irão continuar> a ir ao "privado";> - Quantos abortos são feitos em Portugal? Acho que não são assim tantos> quanto se fala mas não sei... > - Há alguma razão científica para ser até às 10 semanas? Ou é assim pela> mesma razão que um jogo tem 90 minutos?> - Como se define as 10 semanas? Pelo dia em que a grávida diz que deu a> pinadela? Ou é a olho?> - Caso uma grávida vá ao hospital para abortar e porque a consulta demorou 1> semana a ser marcada, e já não possa abortar poderá essa grávida exigir do> estado que assuma a totalidade dos encargos com a criança?> - E se essa mesma grávida, ao não lhe ser dado acesso ao aborto gratuito> porque já tem 12 semanas, recorre à iniciativa privada e o médico que a> acompanhou teve conhecimento deverá fazer participação criminal dessa> grávida?;> - Poderá uma grávida com 10 semanas de gestação menos 1 dia recorrer às> urgências de um hospital? E em caso afirmativo qual será a cor a atribuir à> paciente segundo o Sistema de Manchester? Vermelho? E qual a prioridade> entre um politraumatizado e uma grávida no acesso ao bloco operatório?> > Talvez se me desse ao trabalho de ler a tese de doutoramento do cunhal não> tivesse tantas questões...> > Tenho dezenas de dúvidas como estas... por isso prefiro pôr-me de parte. Não> quero fazer parte deste processo de escolha. E pela primeira vez na minha> vida não vou exercer o meu direito e dever de cidadania.> Como o António Matos Godinho disse num email anterior... o mal disto são os> extremos. A Vida não é a Preto e Branco... também há vários níveis de> cinzento. Eu estou lá... no cinzento!> > Mas tento não ser um cinzentão :-)> > Acho que este referendo é um aborto... não a instituição do referendo mas> este referendo.> Acho o nosso processo evolutivo não é perfeito e chegamos a um ponto onde a> nossa evolução exige que façamos um controle da natalidade a qualquer custo> e esse mesma evolução ainda não permite que o façamos sem colocar em causa> valores que suportam toda a sociedade ocidental.> > Talvez daqui a uns anos, e porque a ciência cria soluções, sejamos acusados,> tal como hoje acusamos quem fez a inquisição, mas para nós actualmente faz> sentido... pelo menos para alguns.Andava a evitar meter a minha foice nesta seara mas já que tem sido um dos> assuntos mais activo nos últimos dias aqui na lista deixo breves> apontamentos, não sem antes vos contextualizar. > Não pretendo ir votar pois sou sensível a argumentos de ambos os lados, mas> quanto mais os dias passam, e o debate acontece, cada vez sinto-me mais> próximo dos defensores do não. Posto isto:> > - Julgo que nunca foi nenhuma mulher presa por ter abortado em Portugal nos> últimos 30 anos;> - As poucas "abortadeiras" de vão de escada, que há, não vão acabar... Quem> lá vai tem poucos recursos e muitas das vezes às 10 semanas nem sabe que> está grávida. Vão lá depois...> - Seja esta lei mantida ou alterada, um dos problemas no Pós referendo vai> ser gerir as Listas de espera, e principalmente encontrar equipas médicas> dispostas a efectuar um aborto;> - O aborto é uma vergonha numa família... Ao torna-lo legal a vergonha> diminui? Acho que muitas não vão aos hospitais por vergonha e irão continuar> a ir ao "privado";> - Quantos abortos são feitos em Portugal? Acho que não são assim tantos> quanto se fala mas não sei... > - Há alguma razão científica para ser até às 10 semanas? Ou é assim pela> mesma razão que um jogo tem 90 minutos?> - Como se define as 10 semanas? Pelo dia em que a grávida diz que deu a> pinadela? Ou é a olho?> - Caso uma grávida vá ao hospital para abortar e porque a consulta demorou 1> semana a ser marcada, e já não possa abortar poderá essa grávida exigir do> estado que assuma a totalidade dos encargos com a criança?> - E se essa mesma grávida, ao não lhe ser dado acesso ao aborto gratuito> porque já tem 12 semanas, recorre à iniciativa privada e o médico que a> acompanhou teve conhecimento deverá fazer participação criminal dessa> grávida?;> - Poderá uma grávida com 10 semanas de gestação menos 1 dia recorrer às> urgências de um hospital? E em caso afirmativo qual será a cor a atribuir à> paciente segundo o Sistema de Manchester? Vermelho? E qual a prioridade> entre um politraumatizado e uma grávida no acesso ao bloco operatório?> > Talvez se me desse ao trabalho de ler a tese de doutoramento do cunhal não> tivesse tantas questões...> > Tenho dezenas de dúvidas como estas... por isso prefiro pôr-me de parte. Não> quero fazer parte deste processo de escolha. E pela primeira vez na minha> vida não vou exercer o meu direito e dever de cidadania.> Como o António Matos Godinho disse num email anterior... o mal disto são os> extremos. A Vida não é a Preto e Branco... também há vários níveis de> cinzento. Eu estou lá... no cinzento!> > Mas tento não ser um cinzentão :-)> > Acho que este referendo é um aborto... não a instituição do referendo mas> este referendo.> Acho o nosso processo evolutivo não é perfeito e chegamos a um ponto onde a> nossa evolução exige que façamos um controle da natalidade a qualquer custo> e esse mesma evolução ainda não permite que o façamos sem colocar em causa> valores que suportam toda a sociedade ocidental.> > Talvez daqui a uns anos, e porque a ciência cria soluções, sejamos acusados,> tal como hoje acusamos quem fez a inquisição, mas para nós actualmente faz> sentido... pelo menos para alguns.Andava a evitar meter a minha foice nesta seara mas já que tem sido um dos> assuntos mais activo nos últimos dias aqui na lista deixo breves> apontamentos, não sem antes vos contextualizar. > Não pretendo ir votar pois sou sensível a argumentos de ambos os lados, mas> quanto mais os dias passam, e o debate acontece, cada vez sinto-me mais> próximo dos defensores do não. Posto isto:> > - Julgo que nunca foi nenhuma mulher presa por ter abortado em Portugal nos> últimos 30 anos;> - As poucas "abortadeiras" de vão de escada, que há, não vão acabar... Quem> lá vai tem poucos recursos e muitas das vezes às 10 semanas nem sabe que> está grávida. Vão lá depois...> - Seja esta lei mantida ou alterada, um dos problemas no Pós referendo vai> ser gerir as Listas de espera, e principalmente encontrar equipas médicas> dispostas a efectuar um aborto;> - O aborto é uma vergonha numa família... Ao torna-lo legal a vergonha> diminui? Acho que muitas não vão aos hospitais por vergonha e irão continuar> a ir ao "privado";> - Quantos abortos são feitos em Portugal? Acho que não são assim tantos> quanto se fala mas não sei... > - Há alguma razão científica para ser até às 10 semanas? Ou é assim pela> mesma razão que um jogo tem 90 minutos?> - Como se define as 10 semanas? Pelo dia em que a grávida diz que deu a> pinadela? Ou é a olho?> - Caso uma grávida vá ao hospital para abortar e porque a consulta demorou 1> semana a ser marcada, e já não possa abortar poderá essa grávida exigir do> estado que assuma a totalidade dos encargos com a criança?> - E se essa mesma grávida, ao não lhe ser dado acesso ao aborto gratuito> porque já tem 12 semanas, recorre à iniciativa privada e o médico que a> acompanhou teve conhecimento deverá fazer participação criminal dessa> grávida?;> - Poderá uma grávida com 10 semanas de gestação menos 1 dia recorrer às> urgências de um hospital? E em caso afirmativo qual será a cor a atribuir à> paciente segundo o Sistema de Manchester? Vermelho? E qual a prioridade> entre um politraumatizado e uma grávida no acesso ao bloco operatório?> > Talvez se me desse ao trabalho de ler a tese de doutoramento do cunhal não> tivesse tantas questões...> > Tenho dezenas de dúvidas como estas... por isso prefiro pôr-me de parte. Não> quero fazer parte deste processo de escolha. E pela primeira vez na minha> vida não vou exercer o meu direito e dever de cidadania.> Como o António Matos Godinho disse num email anterior... o mal disto são os> extremos. A Vida não é a Preto e Branco... também há vários níveis de> cinzento. Eu estou lá... no cinzento!> > Mas tento não ser um cinzentão :-)> > Acho que este referendo é um aborto... não a instituição do referendo mas> este referendo.> Acho o nosso processo evolutivo não é perfeito e chegamos a um ponto onde a> nossa evolução exige que façamos um controle da natalidade a qualquer custo> e esse mesma evolução ainda não permite que o façamos sem colocar em causa> valores que suportam toda a sociedade ocidental.> > Talvez daqui a uns anos, e porque a ciência cria soluções, sejamos acusados,> tal como hoje acusamos quem fez a inquisição, mas para nós actualmente faz> sentido... pelo menos para alguns.Andava a evitar meter a minha foice nesta seara mas já que tem sido um dos assuntos mais activo nos últimos dias aqui na lista deixo breves apontamentos, não sem antes vos contextualizar. Não pretendo ir votar pois sou sensível a argumentos de ambos os lados, mas quanto mais os dias passam, e o debate acontece, cada vez sinto-me mais próximo dos defensores do não. Posto isto: - Julgo que nunca foi nenhuma mulher presa por ter abortado em Portugal nos últimos 30 anos; - As poucas "abortadeiras" de vão de escada, que há, não vão acabar... Quem lá vai tem poucos recursos e muitas das vezes às 10 semanas nem sabe que está grávida. Vão lá depois... - Seja esta lei mantida ou alterada, um dos problemas no Pós referendo vai ser gerir as Listas de espera, e principalmente encontrar equipas médicas dispostas a efectuar um aborto; - O aborto é uma vergonha numa família... Ao torna-lo legal a vergonha diminui? Acho que muitas não vão aos hospitais por vergonha e irão continuar a ir ao "privado"; - Quantos abortos são feitos em Portugal? Acho que não são assim tantos quanto se fala mas não sei... - Há alguma razão científica para ser até às 10 semanas? Ou é assim pela mesma razão que um jogo tem 90 minutos? - Como se define as 10 semanas? Pelo dia em que a grávida diz que deu a pinadela? Ou é a olho? - Caso uma grávida vá ao hospital para abortar e porque a consulta demorou 1 semana a ser marcada, e já não possa abortar poderá essa grávida exigir do estado que assuma a totalidade dos encargos com a criança? - E se essa mesma grávida, ao não lhe ser dado acesso ao aborto gratuito porque já tem 12 semanas, recorre à iniciativa privada e o médico que a acompanhou teve conhecimento deverá fazer participação criminal dessa grávida?; - Poderá uma grávida com 10 semanas de gestação menos 1 dia recorrer às urgências de um hospital? E em caso afirmativo qual será a cor a atribuir à paciente segundo o Sistema de Manchester? Vermelho? E qual a prioridade entre um politraumatizado e uma grávida no acesso ao bloco operatório? Talvez se me desse ao trabalho de ler a tese de doutoramento do cunhal não tivesse tantas questões... Tenho dezenas de dúvidas como estas... por isso prefiro pôr-me de parte. Não quero fazer parte deste processo de escolha. E pela primeira vez na minha vida não vou exercer o meu direito e dever de cidadania. Como o António Matos Godinho disse num email anterior... o mal disto são os extremos. A Vida não é a Preto e Branco... também há vários níveis de cinzento. Eu estou lá... no cinzento! Mas tento não ser um cinzentão :-) Acho que este referendo é um aborto... não a instituição do referendo mas este referendo. Acho o nosso processo evolutivo não é perfeito e chegamos a um ponto onde a nossa evolução exige que façamos um controle da natalidade a qualquer custo e esse mesma evolução ainda não permite que o façamos sem colocar em causa valores que suportam toda a sociedade ocidental. Talvez daqui a uns anos, e porque a ciência cria soluções, sejamos acusados, tal como hoje acusamos quem fez a inquisição, mas para nós actualmente faz sentido... pelo menos para alguns.”

Só acrescento que há argumentos que me deixam doidos… Podíamos também defender o direito de opção de cometer assassinatos… Ficava opção de assassinar na consciência de cada um de nós. Quem queria mandava balázio, quem não queria não metia chumbo…

Há uma palavra que ando a ficar farto. Cada vez que oiço a palavra hipocrisia cada vez sou mais pelo não… Odeio argumentos vazio e ocos! Odeio a conversa da parteira de vão de escada, das mulheres presas, dos milhares de mortos… custa-me ouvir!
(Zema)