18.5.07

Costa acusa PCP, BE e Roseta por não haver coligação

O candidato socialista pediu a maioria absoluta e deixou a ideia de que está disposto a ficar mais de dois anos na câmara da capital
António Costa apresentou-se ontem como candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa (CML) colocando a fasquia eleitoral no ponto mais alto. O socialista pediu a maioria absoluta, apelando ao voto útil na sua lista, porque só assim, diz, "é possível arrumar a casa". E tinha uma revelação a fazer: ele e o PS "empenharam-se" para que houvesse uma coligação de esquerda, mas PCP, Bloco de Esquerda (BE) e Helena Roseta recusaram.

In Público, Secção Nacional

Comentário: António Costa é, claramente, dos melhores quadros do PS. A sua importância no Governo, como Ministro da Administração Interna (MAI) e do Estado, era enorme. É por isso que não concordo com esta candidatura à Câmara de Lisboa. É verdade que esta é a autarquia mais importante do país, que está a passar por uma situação muito difícil, e que precisa por isso de uma liderança forte. Mas José Sócrates, ao escolher o número 2 do Governo, parece indicar que é mais importante uma vitória eleitoral na capital do que a governação do país. Portugal não é Lisboa, e os interesses de todos os Portugueses deveriam estar à frente dos interesses de uma autarquia, por mais importante que esta seja.
Depois de Campos e Cunha e Freitas do Amaral, António Costa é o terceiro Ministro de Estado a abandonar o Governo. Isto não é irrelevante, e é mesmo preocupante. O Governo fica muito debilitado.
Mais duas coisas erradas em toda esta novela: 1) A escolha de Rui Pereira para MAI. Este jurista foi há dois meses para o Tribunal Constitucional (TC), e agora deixa o lugar para ir para o Governo. Esta promiscuidade Governo/TC é muito má para a nossa democracia e para a fundamental separação de poderes, e uma fuga após 2 meses num cargo não é bom augúrio para um futuro Ministro. 2) A marcação das eleições para 1 de Julho é uma forma infeliz e anti-democrática de evitar a candidatura de independentes. Como não podia deixar de ser, todos os partidos estiveram de acordo com esta data (ninguém gosta de independentes), e por isso o assunto só é discutido em voz baixa. Mas é vergonhoso.