31.3.05

RE: Aumentam pensões de idosos e diminuem férias judiciais (III)

O que mina a discussão do problema, como eu já esperava, é haverem profissionais que efectivamente se aproveitam dos dois meses de férias judiciais para gozar férias laborais...
Da parte dos advogados, embora não conheça nenhum que consiga ter 2 meses de férias, e poucos que conseguem sequer um, admito que possa acontecer, sendo uma profissão liberal, logo, de livre gestão do tempo. É uma questão de volume de trabalho e de facturação...
Quanto aos juízes, das duas uma: ou trabalham em comarcas de pequena dimensão, em que há pouco trabalho - as tais comarcas que o anterior governo queria extinguir (isso sim, uma medida com impacto na celeridade e eficiência processuais; lembro que o actiual mapa judiciário vem, grosso moso, do Séc.
XIX...) e efectivamente gozam 2 ou 3 meses de férias (ou de falta de trabalho, pelo menos) ou então é um juiz irresponsável que trabalha numa comarca normal, com trabalho acumulado, e, mesmo assim, fica refastelado a olhar para ele... sujeitando-se às inspecções periódicas.
Como em todas as actividades, há sempre maus profissionais, os quais não devem servir de bitola para fazer reformas do sistema.
Acredito piamente, precisamente por ser advogado e estar dentro do sistema - o que me dá até algum à vontade para falar disto, já que, na maioria dos casos, os advogados têm todo o interesse em que os processos terminem (tirando aqueles exemplos-chavão, pensareis vós, dos processos crime e fiscais em que pode haver interesse em arrastar o processo com vista à prescrição...) - que um período de férias judiciais superior a um mês é não só vantajoso como essencial para assegurar a boa administração da justiça, com celeridade e qualidade.
Se assim não for, como é certo que não vai ser, pois em matéria de justiça em Portugal decide-se primeiro e depois é que se ouvem os advogados e magistrados, como é hábito, cá estaremos para tentar ultrapassar as dificuldades e servir os cidadãos o melhor que pudermos.
Pelo menos tenho a esperança que o corte não seja tão radical e que se fique pelos 45 dias de férias. Os 30 dias será o caos, pior que o caos que já temos.
(Faber)