28.6.05

"Deficiências" nas contas do Rectificativo

Governo rectifica contas e apresenta hoje no Parlamento nova versão do OE

Água na fervura. Ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, ficou visivelmente embaraçado com "duplicação" de despesas e receitas do Orçamento Rectificativo

"Para pagar salários dos professores são necessários mais 400 milhões de euros e para o SNS segue chegue adicional de 1,8 mil milhões de euros"
O ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, negou "erros" no Orçamento Rectificativo entregue, sexta-feira à noite, na Assembleia da República, mas admitiu existirem "deficientes classificações de algumas receitas e despesas", o que atirou o nível de gastos do Estado acima dos 50% do PIB, a riqueza produzida no País, pela primeira vez em 30 anos. As novas contas corrigidas serão entregues no Parlamento e, garante o ministro, "não irão alterar o défice de 6,23% do PIB" inscrito no Orçamento.

In http://dn.sapo.pt/2005/06/28/tema/deficiencias_contas_rectificativo.html

Comentário: Deste caso há algumas ilações importantes a retirar. Em primeiro lugar, a atitude incompetente de todos os intervenientes no processo de realização do Orçamento Rectificativo. Erros na classificação de receitas e despesas? Duplicação de contabilização de receitas e despesas? Num processo tão delicado como a feitura de um Orçamento é incrível como se cometem estes erros básicos. Das duas uma: ou é pura incompetência, ou é a tentativa de esconder algo debaixo da manga do casaco… “Duas ou três contas, "das mais simples", seriam o bastante para detectar que algo estava mal feito, afirma um técnico da casa” – esta afirmação é um claro exemplo da inépcia de que falamos aqui.
Mais importante do que esta “trapalhada” é o facto do nível de gastos do Estado estar, pela primeira vez em 30 anos, acima da “barreira psicológica” dos 50%. Enquanto os nossos congéneres europeus vão descendo este valor (casos da Finlândia, Dinamarca, Suécia, que estão agora com um valor próximo do nosso), nós estamos na trajectória contrária. E o pior é que eles gastam o grosso desse dinheiro em prestações sociais, enquanto nós o gastamos em despesas correntes. Como ontem dizia, com inegável clareza, José Manuel Fernandes, “[o] que isto quer dizer é que temos um Estado gordo, não um Estado-social generoso”.