2.6.05

Eleitores holandeses rejeitam a Constituição europeia

As sondagens à boca das urnas mostravam ontem um resultado nunca antecipado: mais de 60 por cento dos holandeses votaram "não" à ratificação do tratado da Constituição europeia, num escrutínio que teve uma participação de quase 64 por cento. O primeiro-ministro, Jan Peter Balkanende, apressou-se a reconhecer a derrota e a garantir que a vontade do povo vai ser tida em conta
Os holandeses compareceram ontem às urnas para o segundo terramoto político europeu dos últimos dias. Ainda estava a Europa a recompor-se do sonoro "non" francês, com 55 por cento dos votos, quando surge o ainda mais forte "nee" holandês, que, segundo resultados provisórios finais, não oficiais, divulgados pela agência ANP, atingia os 61,6 por cento. O "sim" ter-se-á ficado pelos 38,4 por cento, ainda segundo estes resultados.Já se esperava um "não" holandês - mas a dimensão ultrapassou todas as indicações das sondagens, que nos últimos dias apontavam para 58 a 59 por cento de eleitores a rejeitarem o tratado constitucional. Analistas tinham avisado para a possibilidade do campo do "não" na Holanda ser fortalecido pela rejeição dos eleitores franceses.

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Comentário: Como prevenia ontem, o “Não” francês fez catapultar os resultados do “Não” na Holanda. E penso que o mais relevante foi a participação do eleitorado holandês – 64% –, valor muito acima do que se previa (nas últimas eleições para o Parlamento Europeu votou 39% do eleitorado, o que demonstra cabalmente a vontade de “matar” a Constituição). O início do fim do Tratado Constitucional começou no Domingo e prosseguiu ontem, em ambos os casos em países fundadores da nossa União Europeia. Outros resultados negativos se seguirão, provavelmente. O mais provável é chegarmos a um ponto em que já não fará sentido fazer referendo em Portugal: vamos referendar um Tratado “morto”?