2.6.05

O mítico Garganta Funda transforma-se em herói

Veementemente criticado pelos que constituíam a entourage do Presidente Nixon, parece que Mark Felt ficará para a história como um herói popular, que agiu bem. Isto apesar de as suas motivações não parecerem as mais nobres e do dilema envolvido. Um agente exemplar traiu aqueles que tinha por missão ajudar, mas por uma boa causa. Por Rita Siza, Washington
A revelação de que o antigo número dois do FBI durante os anos 70, W. Mark Felt, era a mais misteriosa das fontes anónimas da história do jornalismo americano deixou o país órfão de um dos seus mais curiosos mitos urbanos, imortalizado pelo cinema como um homem de gabardina e cigarro sempre aceso, envolto em sombras, de discurso cifrado, tenso e aparentemente assombrado por um imperceptível dilema moral. Anteontem, finalmente, a peculiaridade dos gestos do mítico personagem começou a ganhar sentido, quando o Garganta Funda se "materializou" na pele de um simpático idoso, quebrado pelos anos e pela doença, mas mesmo assim de olhar vívido e sorriso nos lábios. A América foi de tal maneira apanhada de surpresa que demorou algumas horas a reagir. O que pensar, afinal, deste homem? É ele um herói ou um traidor?


In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=06&d=02&uid=&id=23650&sid=2601

Comentário: O mais que mítico “Garganta Funda” (não confundir com o filme, apesar da alcunha ser inspirada na fita…) acusou-se finalmente. O tal anónimo que foi a principal fonte usada pelos jornalistas do Washington Post – Bob Woodword e Carl Bernstein – que levou ao escândalo Watergate, e que acabaria por culminar na demissão do Presidente Nixon. Afinal a personagem que “bufou” os roubos de informação sigilosa ao Partido Democrata no Hotel Watergate era o antigo número dois do FBI, Mark Felt. Agora a América divide-se: é ele um herói (por ter informado acerca do escândalo político) ou um traidor (por ter traído aqueles que tinha por missão ajudar, apenas por dinheiro)?