Xanana assume Defesa e Segurança
Ramos-Horta recusou pasta porque queria Governo de unidade nacional. Ontem à noite, esperava-se que Roque Rodrigues e Rogério Lobato - os ministros que o Presidente da República aconselhou Mari Alkatiri a demitir numa intervenção televisiva - já não comparecessem, esta tarde, na reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança. Mas pode não ser esse o entendimento do primeiro-ministro, que parece decidido a mostrar que é ele quem continua a mandar no Executivo. Do nosso enviado Adelino Gomes, em Díli
A reunião, esta tarde (início da manhã em Portugal), do Conselho Superior de Defesa e Segurança constituirá o primeiro teste à solidez do acordo para "ultrapassar a crise", entre o Presidente da República e o primeiro-ministro timorense, anunciado por Xanana Gusmão, numa comunicação ao país ontem à noite, em Díli.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=05&d=31&uid=&id=81691&sid=8890
Comentário: Será Timor um "Estado falhado"? Penso que, por ora, não se pode dizer que sim, mas também não se pode responder taxativamente que não a esta pergunta. De facto, num país independente há meros 6 anos, com um Primeiro-Ministro muito contestado e um Presidente que, embora muito apoiado pela população, nunca mostrou grande interesse naquele cargo (recorde-se que, aquando das eleições para Presidente, Xanana Gusmão mostrou sempre grande enfado e relutância em candidatar-se...), as coisas nunca poderiam ser simples. Depois, Alkatiri é um muçulmano laico em terra de católicos, o que não abona nada em seu favor. Mais: num país onde uma das línguas oficiais é a portuguesa, mas quase ninguém sabe falar o nosso idioma, penso que se consegue imaginar a "estranheza" da situação.
O mais esquisito é que para os portugueses Timor foi sempre um caso de sucesso. Um povo que quis deixar o jugo indonésio, e que conseguiu assim criar um novo país, democrático e livre. De facto, esta "capa" servia bem a todos – portugueses, australianos, ONU, etc. – mas a verdade é que por baixo da mesma estava um caldo em ebulição. E quando assim é, ao mínimo "abanão" a entropia aumenta exponencialmente e a "capa" rompe-se. E fica à vista o "Estado"... possivelmente "falhado".
E soluções? Deveria Xanana defenestrar Alkatiri? Declarar "Estado de sítio"? Deveria o Primeiro-Ministro demitir-se por ser um "obstáculo à paz", como disse a esposa de Xanana (numa ingerência incompreensível num Estado de Direito)? Cria-se um Governo de Salvação Nacional, como propôs Mário Carrascalão? Manda-se voltar a ONU (prova-se agora que não devia nunca ter saído tão cedo...)? Salvará a nossa GNR a situação :)? As dúvidas são imensas. E as respostas incertas. Assim se prova que nem sempre o que aparenta é. A bela imagem do "caso de sucesso" era uma fraude. A única coisa positiva desta triste situação é que clarificou as coisas. Talvez assim não se cometam os mesmos erros no futuro.
A reunião, esta tarde (início da manhã em Portugal), do Conselho Superior de Defesa e Segurança constituirá o primeiro teste à solidez do acordo para "ultrapassar a crise", entre o Presidente da República e o primeiro-ministro timorense, anunciado por Xanana Gusmão, numa comunicação ao país ontem à noite, em Díli.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=05&d=31&uid=&id=81691&sid=8890
Comentário: Será Timor um "Estado falhado"? Penso que, por ora, não se pode dizer que sim, mas também não se pode responder taxativamente que não a esta pergunta. De facto, num país independente há meros 6 anos, com um Primeiro-Ministro muito contestado e um Presidente que, embora muito apoiado pela população, nunca mostrou grande interesse naquele cargo (recorde-se que, aquando das eleições para Presidente, Xanana Gusmão mostrou sempre grande enfado e relutância em candidatar-se...), as coisas nunca poderiam ser simples. Depois, Alkatiri é um muçulmano laico em terra de católicos, o que não abona nada em seu favor. Mais: num país onde uma das línguas oficiais é a portuguesa, mas quase ninguém sabe falar o nosso idioma, penso que se consegue imaginar a "estranheza" da situação.
O mais esquisito é que para os portugueses Timor foi sempre um caso de sucesso. Um povo que quis deixar o jugo indonésio, e que conseguiu assim criar um novo país, democrático e livre. De facto, esta "capa" servia bem a todos – portugueses, australianos, ONU, etc. – mas a verdade é que por baixo da mesma estava um caldo em ebulição. E quando assim é, ao mínimo "abanão" a entropia aumenta exponencialmente e a "capa" rompe-se. E fica à vista o "Estado"... possivelmente "falhado".
E soluções? Deveria Xanana defenestrar Alkatiri? Declarar "Estado de sítio"? Deveria o Primeiro-Ministro demitir-se por ser um "obstáculo à paz", como disse a esposa de Xanana (numa ingerência incompreensível num Estado de Direito)? Cria-se um Governo de Salvação Nacional, como propôs Mário Carrascalão? Manda-se voltar a ONU (prova-se agora que não devia nunca ter saído tão cedo...)? Salvará a nossa GNR a situação :)? As dúvidas são imensas. E as respostas incertas. Assim se prova que nem sempre o que aparenta é. A bela imagem do "caso de sucesso" era uma fraude. A única coisa positiva desta triste situação é que clarificou as coisas. Talvez assim não se cometam os mesmos erros no futuro.
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