5.7.06

Professores incapacitados para dar aulas mais do que triplicaram em dois anos

O Ministério da Educação quer que os profissionais que estão nas escolas a trabalhar mas que por razões de saúde não podem exercer funções lectivas sejam deslocados para outros serviços da administração pública. Se após o processo de reconversão não encontrarem lugar, são aposentados, se já tiverem cumprido o tempo de serviço necessário, ou voltam para os estabelecimentos de ensino. O número de professores dispensados de dar aulas por doença não tem parado de subir e ronda os 2500. Os sindicatos admitem a mudança de carreira, mas defendem a manutenção nas escolas ou serviços do ministério.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=07&d=04&uid=&id=87173&sid=9494

Comentário: De 2004 até hoje o número de professores incapacitados para dar aulas aumentou cerca de 250%, de 700 para 2500 (e a estes somam-se 3000 dispensados da actividade lectiva que podem entretanto recuperar ou não, segundo reza a notícia)! E em 2000 eram apenas 250... É uma subida vertiginosa, que não parece ter explicação. Para tentar combater estes números o Governo pretende colocar estes profissionais a exercer outras actividades na função pública. Apesar de parecer um gesto positivo, dado que assim se capitaliza o trabalho de profissionais remunerados sem ocupação, surgem dúvidas. Se estes docentes estão incapacitados para dar aulas, podem ter outras ocupações (que até poderão obrigar a maiores deslocações)? Que incapacidades são essas que são exclusivas da actividade lectiva?
No fundo, isto parece mais um aviso do Governo para os possíveis incapacitados fraudulentos. Ao dar a indicação de que os professores incapacitados vão ter de fazer outras coisas (de que certamente gostam menos), o Ministério da Educação pretenderá fazer com que certos incapacitados se “capacitem” rapidamente, de forma a normalizar a sua situação, para ver se este número – os tais 2500 – baixa para valores mais razoáveis.