4.4.05

Quando os caminhos vão todos dar a Roma

O corpo de João Paulo II vai poder ser visto pelos fiéis a partir de hoje na Basílica de S. Pedro

Um dia depois da morte de João Paulo II, todos os caminhos de Roma foram dar ao Vaticano. Para chegar à Praça de São Pedro, não foi preciso recorrer ao mapa, aos homens de colete verde que reforçam os semáforos junto das passadeiras, nem aos polícias colocados estrategicamente nos cruzamentos a fazer parar os carros. Não havia que enganar. Bastava seguir a multidão.

In http://dn.sapo.pt/2005/04/04/tema/quando_caminhos_todos_a_roma.html

Comentário: Após uma longa e dura caminhada, chegou ao fim o calvário do Papa. João Paulo II era, para mim, “o” Papa. Eleito em Outubro de 1978, mês e ano do meu nascimento, nunca convivi com nenhum outro. Dele guardo a imagem da serenidade, da bondade, da convicção.
Karol Wojtyla foi importante por imensas razões, mas destaco algumas: a) o amor aos pobres, com especial preocupação pelos povos de África; b) o forte apelo à Paz Mundial, votando sempre contra toda e qualquer guerra; c) a sua importância na luta contra o comunismo e na queda do Muro de Berlim (viveu sob o jugo de duas ditaduras – o nazismo e o comunismo – e, talvez por isso, tornou-se um verdadeiro combatente contra os regimes opressivos, sobrevivendo até a um atentado provocado pelo KGB russo); d) a tentativa de união das diferentes religiões (nunca nenhum Papa procurou tanto a reconciliação entre credos diferentes – este Papa pediu perdão pelas atrocidades cometidas pela Inquisição, pediu perdão aos judeus, chorou no Muro das Lamentações, procurou o (difícil) diálogo com os ortodoxos...). Foi, de facto, uma figura inigualável.