12.1.07

Grande maioria de defensores do "sim" diz ir votar "de certeza"

Como sucedeu noutras sondagens, o "sim" à despenalização da IVG volta a vencer nas intenções de voto, com 60 por cento. Há, contudo, um indicador que poderá fazer a diferença. Entre os que apoiantes do "sim", quase 70 por cento afirmou querer ir mesmo às urnas no dia 11 de Fevereiro. Por Ricardo Dias Felner
Perto de 60 por cento dos eleitores tem a intenção de votar "sim" no referendo à interrupção voluntária da gravidez, contra cerca de 29 por cento de intenções de voto no "não", de acordo com uma sondagem da Intercampus para o PÚBLICO, TVI e Rádio Clube. Se se contabilizarem apenas os votos válidos, obtidos através da simulação de voto em urna, o resultado do próximo referendo seria de 67 e 33 por cento, para o "sim" e para o "não", respectivamente. Dois terços, um terço, ou dois votos "sim" para cada voto "não".
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2007&m=01&d=12&uid={C1F85426-6488-4853-975B-9396AAFD5B5E}&id=116192&sid=12869

Comentário: Como dizia há algum tempo atrás, é muito provável que o “sim” vença o referendo da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Muito provavelmente já teria vencido há 8 anos atrás, não fosse a elevadíssima abstenção (de quase 70%). Penso que neste referendo – apesar da “abstenção forçada” dos residentes no estrangeiro que mencionei num dos últimos e-mails – a participação será bastante maior. Do lado do “sim” a maioria dos seus defensores assumem “ir votar de certeza” como diz a notícia, enquanto que do lado do “não” só 30% afirmaram convictamente que iriam votar.
O mais estranho nesta sondagem é que, apesar de haver uma maioria pelo “sim”, há ao mesmo tempo uma maioria que defende que a IVG não deve ser autorizada “quando a mãe não deseja ter um filho”. Ora isto é totalmente contraditório. Se o “sim” vencer passa a ser legal exactamente essa situação até às 10 semanas. Isto demonstra que muitos portugueses não entendem muito bem aquilo que realmente se está a perguntar, e a maneira como as coisas ficarão após o referendo.
Em jeito de conclusão, deixo um ponto positivo e um negativo. Positivo: os portugueses estão a começar a compreender que, ao ficar em casa, as decisões são tomadas em função da minoria que vota, e não da maioria dos recenseados, o que variadas vezes leva a resultados distintos dos esperados. Isso significa uma maior conscencialização da importância do voto por parte de todos nós. Negativo: no entanto, parece que muitos não compreendem bem as consequências do seu voto, o que dá crédito aos opositores da própria instituição referendária.