8.11.05

Governo francês autoriza o recolher obrigatório para travar os motins

A situação em França está fora de controlo, tendo atingido o pico da violência na noite de domingo para segunda. O Estado falhou e a violência generalizou-se a quase todo o país e, agora, são as grandes metrópoles europeias que temem o contágio francês e olham com inquietação os jovens imigrantes, a "nova classe inferior, desesperada e perigosa". Por Jorge Almeida Fernandes
O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, anunciou ontem à noite que o Governo vai autorizar a imposição do recolher obrigatório em todos os locais onde se registem motins. A decisão será hoje oficializada pelo Presidente, Jacques Chirac, num Conselho de Ministros extraordinário.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=11&d=08&uid=&id=47748&sid=5323

Comentário: A França está em Guerra. A imposição do recolher obrigatório em certas localidades evidencia isso mesmo. Por noite os “canalhas” (como lhes chamou Sarkozy, o muito criticado Ministro do Interior) têm queimado cerca de 1500 automóveis. E os ataques já não se ficam por aí: além de vários polícias feridos, já houve um morto nestes motins.
As razões são várias, mas podem ser sintetizadas: os imigrantes de segunda e terceira geração (cidadãos franceses, filhos de imigrantes) não estão integrados na sociedade, não se sentido, por isso, verdadeiros franceses. A taxa de desemprego entre estes “franceses de segunda” é 10 vezes superior aos nativos, e a estratégia de “assimilação” que a França tem mantido para integrar os imigrantes – que tão bem funcionou no passado, com imigrantes com culturas ocidentais (está aqui a grande diferença!) – não funciona para culturas distintas, e isso nota-se nos milhões de insatisfeitos provenientes do Magrebe. A situação é explosiva, e não se consegue antever forma de travar a guerra…