10.11.05

Sócrates promete no Parlamento aumento real do salário mínimo

No primeiro dia de debate do Orçamento do Estado na generalidade, o primeiro-ministro defendeu a proposta do Governo, apresentado-a como realista e credível e a primeira que, nos últimos anos, desce a despesa. Num debate sem grandes novidades, o PSD teve dificuldade em explicar a sua mudança de posição e a esquerda acusou o Governo de não se preocupar com o desemprego. Sócrates deixou perguntas por responder, mas só teve mesmo dificuldade em explicar o "negócio" com os Açores
O primeiro-ministro, José Sócrates, prometeu ontem que o salário mínimo nacional (SMN) terá um aumento real no próximo ano. O que significa que terá um aumento superior à previsão da inflação no Orçamento do Estado para 2006 (OE), que é de 2,3 por cento. "Este ano o salário mínimo aumentará em termos reais", disse o primeiro-ministro no debate do OE na generalidade, em resposta ao líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Esse aumento poderá ficar nos 2,5 por cento.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=11&d=10&uid=&id=48077&sid=5355

Comentário: Não sendo o Orçamento ideal (algum o é?), nem sequer um Orçamento muito bom, penso que se deve dar o benefício da dúvida a este Governo. O mais positivo é continuação da tentativa de controlo da despesa – o que vindo de um governo socialista é sempre de saudar. O Orçamento tem, no entanto, problemas: confia num crescimento económico assente num grande aumento de exportações, e diminuição de importações – o que não parece crível (olhando para o que se tem passado nos últimos anos), aposta na redução do défice em especial pela parte da receita (mais de 2/3 da redução é feita pela subida da receita, em vez de ser redução da despesa) e continua a apostar em projectos ainda injustificados do ponto de vista financeiro, nomeadamente a OTA e o TGV, além do "luxo" que são as SCUTs. De qualquer forma, parece-me errado que o PSD vote contra o Orçamento. Esta seria uma boa oportunidade para haver um consenso entre os dois partidos, a bem do país; mas esta unanimidade será gorada, a meu ver, por minudências (não despiciendas, mas minudências). É pena que assim seja, até porque acredito que se o PSD estivesse na governação do nosso país, o documento apresentado teria muito poucas nuances em relação ao actual.