12.5.06

Justiça diz que a Afinsa está em "absoluta insolvência"

Sociedade tinha, em finais de 2004, um défice patrimonial superior a 1,1 mil milhões de euros
A Fiscalia Anti-Corrupção de Espanha considera que a Afinsa, a sociedade de investimento em bens tangíveis - filatelia, arte, numismática e antiguidades - está em "absoluta insolvência". Os responsáveis da empresa são acusados de fraude, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro, administração desleal, insolvência punível e fuga de impostos.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=05&d=12&uid=&id=78152&sid=8538

Comentário: O escandâlo Afinsa/Fórum Filatélico (uma nova Dona Branca, se quiserem) irá também, certamente, afectar muitos investidores portugueses. E aqui o principal problema é este: será que vale a pena investir em produtos que oferecem extraordinários lucros, mas que não são objecto de controlo pelo mercado? Apesar das promessas de ganhar muito, pode correr-se o risco de perder tudo, como neste caso.
Estas empresas asseguravam aos investidores uma alta rentabilidade pela aquisição e gestão de um fundo filatélico, prometendo juros que não o eram (os juros eram parte da contribuição dos clientes, o que só me lembra aqueles casos piramidais com troca de envelopes com dinheiro por muita gente, em que os lucros pagos vinham do dinheiro investido, de forma a enganar os incautos nos primeiros tempos). Além disto os selos eram muitas vezes sobreavaliados (com valores 13 vezes acima do preço de mercado), outras vezes eram falsos. Em suma, uma série de ilegalidades que, mais cedo ou mais tarde, iriam dar no que deu. E ainda por cima todos foram avisados com antecedência, pois o Financial Times denunciou este esquema há uns meses atrás (Setembro de 2005).
E quem se lixa com estes esquemas fraudulentos é, como sempre, o mexilhão. Mas desta vez o mexilhão – o pessoal que investiu – também tem culpas no cartório: entrega parte das suas poupanças a empresas que estão fora do mercado, que não são fiscalizadas por ninguém (nem CMVM, nem Banco de Portugal, nem um outro regulador qualquer), apenas porque lhes prometem “mundos e fundos”. E assim ficaram todos: bem no fundo.