12.1.07

RE: Grande maioria de defensores do "sim" diz ir votar "de certeza" (II)

O que me parece é que o “sim” vai ganhar com alguma folga, mas vai ganhar por falta de entendimento do que está em causa. A verdade é que as pessoas ficaram, compreensivelmente, chocadas com o facto de mulheres “normais” serem levadas a tribunal por terem abortado. E muitas delas até pensaram: “podia ser eu”, e isto porque o número de mulheres que já interromperam a gravidez (sigilosamente, sublinhe-se) é muito grande em Portugal. Mas o pior ainda é que, se o “sim” vencer, as mulheres que foram para o banco dos réus voltariam a ir, e isto porque interromperam a gravidez após as 10 semanas.

Infelizmente a maioria dos portugueses não conhece a lei actual, não sabendo, por exemplo, que há variadas situações em que se pode abortar (perigo de morte ou lesão grave para a saúde da mulher, previsão de doença incurável ou mal formação da criança, em casos de violação, etc.). Além disso não parecem conhecer a nova lei, pois não compreendem que nela prevê-se que, até às 10 semanas, não seja preciso qualquer justificação para interromper a gravidez.

Independentemente do meu voto pessoal, o qual não é muito importante pois não o posso exercer (falarei dele no futuro, mais próximo do referendo, pois ainda tenho dúvidas e estou a preparar argumentos pró e contra para decidir), acho que é triste que o resultado do referendo seja decidido sem um verdadeiro entendimento e conhecimento do que está em causa. Se é isto a democracia participativa, só posso estar contra o exercício da mesma nestas condições.