16.5.06

União Europeia oferece "incentivos" ao Irão para um programa nuclear pacífico

"Se rejeitarem [o pacote proposto], é porque procuram outra coisa", disse Javier Solana numa reunião dos MNE em Bruxelas
A União Europeia (UE) vai oferecer ao Irão um pacote de "incentivos" no domínio político, económico, tecnológico e de apoio ao desenvolvimento da energia nuclear civil, em troca do abandono do seu programa de enriquecimento de urânio para fins militares.Esta intenção foi ontem confirmada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Vinte e Cinco, em Bruxelas, no quadro das tentativas internacionais de levar Teerão a abandonar as suas actividades de enriquecimento de urânio. "Estamos profundamente preocupados com a falta persistente de cooperação dos iranianos com a Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA]", afirmou Ursula Plassnik, chefe da diplomacia da Áustria, país que preside actualmente à UE.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=05&d=16&uid=&id=79052&sid=8614

Comentário: Penso que esta é uma boa proposta da União Europeia. Oferece muitos “incentivos” – ainda não conhecidos em pormenor – em várias áreas, e penso que da resposta do Irão se poderá compreender ainda melhor quais os verdadeiros intuitos deste país em relação ao seu programa nuclear. Há, no entanto, um pequeno problema. A UE não pode oferecer um “incentivo” fundamental: a segurança. Esse só poderia ser concedido pelos Estados Unidos, e Ahmadinejad pode agarrar-se à falta dessa “prenda”. Repare-se que a União entra no domínio “político, económico, tecnológico e de apoio ao desenvolvimento da energia nuclear civil”, mas não entra no importante domínio da segurança.
Note-se ainda que isto é uma forma de pressão não só ao Irão, mas também à Rússia e à China, que têm sido os membros do Conselho de Segurança com mais dificuldade em aceitar sanções. Desta forma, se os iranianos responderem negativamente, os europeus têm legitimidade de dizer a estes dois países que o Irão não está a cooperar de maneira nenhuma. Espera-se agora a reacção de Teerão, para se perceber melhor quais os verdadeiros desejos do seu regime teocrático.