31.8.05

Re: A revolução que mudou a história das revoluções (I)

Bom seria que tão aveludada tivesse sido a nossa abrilada... certamente os erros que se sucederam e que hoje pagamos caro teriam sido muito menores...
(Faber)

A revolução que mudou a história das revoluções

Antes daquele mês de Agosto de 1980, a História parecia congelada no Leste da Europa. Depois surgiu o Solidariedade e um movimento que acabaria por "inventar" um novo tipo de revolução, a revolução negociada, rompendo, na opinião de Timothy Garton Ash, com o paradigma jacobino-soviético que tinha dominado os últimos dois séculos da História europeia. O que não impediu que fosse, como recordou Bronislaw Geremek, uma "revolução proletária", provavelmente a última. A Polónia está a comemorar 25 anos da primeira grande vitória desse processo: o reconhecimento pelo governo comunista do sindicato independente. Por José Manuel Fernandes, em Varsóvia
Lech Walesa, hoje com 62 anos, tem os cabelos - e o sempiterno bigode - pintados de branco, está mais gordo e continua a fazer mal o nó da gravata. Mas quando o antigo operário electricista dos estaleiros Lenine de Gdansk, na Polónia, se dirige a uma plateia percebe-se que o seu carisma não desapareceu, que não necessita de ter o discurso escrito para arrancar palmas ou soltar uma gargalhada mesmo a uma plateia de circunspectos ministros que representam uma dúzia de países. "Tivemos a sorte de viver uma época fantástica", recordou o antigo Presidente da Polónia na sessão de abertura da conferência que assinala o 25.º aniversário do Solidariedade. "Diziam-nos que não tínhamos a menor chance, e parecia mesmo que não tínhamos, mas a verdade é que, quando o povo polaco acordou, mudou o sentido da História. Antes parecia que tudo estava pré-determinado, que os acordos de Ialta nos tinham deixado para sempre na órbita da União Soviética; depois passámos a ter à nossa frente um livro branco onde podíamos escrever à vontade."
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2005&m=08&d=31&uid=&id=36653&sid=4122

Comentário: Hoje, há 25 anos atrás, deu-se o início do fim do império comunista, “o início do fim do totalitarismo no Século XX” (Ralf Dahrendorf). A fundação do Solidariedade (primeiro sindicato livre e independente, fundado por Lech Walesa) deu início à primeira “Revolução de Veludo” (sem violência, assente apenas na negociação). É um marco histórico muito positivo, desconhecido por muitos, mas que vale a pena conhecer, relembrar e celebrar.

30.8.05

RE: Temporada Forum 2005/2006 ---- 1º Tema: INCÊNDIOS (III)

Mais uma acha para acrescentar a esta já tão atiçada fogueira: mesmo os poucos privados que não se importam de gastar dinheiro para manter as suas matas limpas se queixam da falta de trabalhadores.

Os estrangeiros devem ver estas notícias de Portugal, atentar em toda a irresponsabilidade e descuido "tuga", e só lhes deve apetecer cantar a conhecida canção: "burn motherfuckers, burn!"…

RE: Temporada Forum 2005/2006 ---- 1º Tema: INCÊNDIOS (II)

O meu senhorio passou dois fins de semana seguidos a limpar o mato dele sozinho porque, segundo ele, queria pagar a alguém para fazer esse trabalho e não conseguia arranjar ninguém. Se tivesse partido de férias tinha-me oferecido (e ele pagava!).
(Brutal)

RE: Temporada Forum 2005/2006 ---- 1º Tema: INCÊNDIOS (I)

Em primeiro lugar, quero agradecer ao Faber por ter aberto as hostilidades nesta "nova época" do Fórum.

Mais uma vez, os incêndios foram o tema QUENTE (sarcasmo) do Verão. Também quente (talvez morna…) foi a candidatura do veterano Soares à Presidência, mas penso que isso ficará para discutirmos no futuro; mais oportunidades surgirão certamente. À oportuna “lista de candidatos a almas puras” que o Faber aqui deixou, acrescento algumas notas dispersas para amontoar à discussão.

1. O principal responsável pela calamidade que vivemos todos os anos é o desordenamento florestal. Investe-se em monoculturas de pinheiro e em eucaliptais (que além de tudo arrasam completamente os solos), e depois esperam-se milagres. Bastaria entrecortar estas culturas com sobreiros, e estava criada uma bela barreira contra a propagação do fogo. O problema é que 94% da nossa área florestal é privada, e a estes minifundiários interessa ganhar uns trocos com as monoculturas de que falo acima, pois é isso que dá dinheiro.
2. Existem leis que, se cumpridas, mitigariam bastante a catástrofe dos fogos que vivemos todos os verões. Nomeadamente: a) as autarquias são obrigadas a limpar os matos nos 100 metros em redor das aldeias, vilas e cidades sob a sua responsabilidade; b) os proprietários devem limpar os terrenos num raio de 50 metros à volta das habitações; c) todas as vias devem ser limpas nos 20 metros (creio) à sua volta. Outra lei importante é a que diz que durante o prazo de 10 anos após um incêndio não se podem fazer novas construções, nem podem ser alterados planos de ordenamento. Claro que isto não se cumpre, pois não há um cadastro florestal (ver ponto 3.). Há lei, mas não há fiscalização. Assim sendo, para que é que há lei?
3. Limpar o mato sai caro, e nenhum proprietário privado está interessado em gastar dinheiro. Por essa razão deveriam ser obrigados a fazê-lo – e o nosso Governo já prometeu que tal vai acontecer no futuro. O problema vai ser cumprir: não há capacidade de fiscalização (veja-se o ponto anterior), não há, sequer, um cadastro florestal (não se sabe quem são os proprietários da floresta…). Obriga-se como, e quem, a cumprir a lei?
4. Após um fogo, os proprietários não são obrigados a reflorestar o terreno ardido. Esperam que o mato vá crescendo, desordenadamente. Resultado? Mais combustível para queimar no futuro…
5. Quem ganha mais com os incêndios? Claramente: 1) Os madeireiros. Estes ganham com os fogos pois compram a madeira barata mal esta arde (se as árvores não forem cortadas rapidamente apodrecem, e os proprietários têm de a vender rapidamente, logo, ao desbarato). 2) As empresas dos meios aéreos que combatem os incêndios. Li recentemente que havia algumas em que 40% das receitas totais provinham das épocas de fogos. Se acabarem os fogos, abrem falência, naturalmente.
6. O nosso país tem muitos malucos que se excitam com os incêndios. Ajudados pelas imagens televisivas e pelo sonho de ter uma obra sua na televisão, ateiam fogos. É um fetiche muito perigoso destes maníacos.

Cumprimentos a todos, e boas férias para os sortudos que ainda as vão gozar… :)

Temporada Forum 2005/2006 ---- 1º Tema: INCÊNDIOS

Caros consortes que por esta altura ainda gozais repousantes férias: tendes vós sentido as cinzas do nosso Portugal?
Eu, aqui, de regresso à labuta, no abrigo do meu gabinete, vejo-as entrar pela fresta entreaberta, depositando-se no papel ordeiramente amontoado.
E eis que se me acende a centelha: tv's em reboliço, fotos da NASA, ministros a dar férias ao chefe de governo, capas de jornais em lavaredas e lágrimas que as não apagam... será que alguém ganha com isto?

Discute-se como apagar o fogo, multas a quem não limpar o mato, mas alguém ou alguma TV se perguntou se alguém lucra com os incêndios? Afinal não era por aqui que o Hercule Poirot desvendava todos os mistérios?

A mais pura das almas poderá lucrar com os incêndios, sem culpa, e até com louvor. Mas será que não há santo que desconfie?

Deixo aqui uma pequena lista de candidatos a almas puras:
- TVs: quantas horas de espectáculo intercalado com audiência e publicidade renderam os incêndios, "completamente grátes"?
- Quantas centenas de contos cobram à hora as empresas privadas proprietárias de aviões que combatem os incêndios?
- Por que razão esses ditos aviões actuam com os tanques a metade da sua capacidade, obrigando a mais reabastecimentos, aterregens e descolagens?
- Por que razão os fundos de investimento imobiliário, com sede nas ilhas Caimão e outras que tal, e as celuloses compram ao desbarato, a minifundiários desesperados e desiludidos, terrenos lambidos pelos fogos?
- Por que razão a reserva natural da Lousã escapa há anos dos incêndios numa determinada área patrulhada pelo exército e não se copia esse exemplo?

To be continued...
(Faber)