8.12.06

ERC diz que não houve ingerência do Governo na cobertura dos fogos

Deliberação defende que director do PÚBLICO devia ter impedido a publicação de um artigo de opinião
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deliberou que o PÚBLICO "violou de forma manifesta e grave obrigações elementares do jornalismo" por ter publicado, na sua edição de 20 de Agosto, um artigo de opinião, "Como se faz censura em Portugal", de Eduardo Cintra Torres, no qual o autor acusa o Governo de "censurar" a cobertura dos fogos florestais pela RTP. Esta deliberação, aprovada por maioria, foi ontem anunciada pelo presidente do Conselho Regulador (CR) da ERC, Azeredo Lopes, em inédita conferência de imprensa, no Hotel Tivoli, em Lisboa.
Nas considerações sobre o director do PÚBLICO, o CR opinou que este "tinha o direito-dever de não publicar o artigo". Para sustentar o corte, a ERC diz que "o director do jornal associou-se, funcionalmente, à exposição de factos ao arrepio das mais elementares regras do jornalismo".
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=12&d=08&uid={9337E2B2-620B-465F-B09F-2DD436477AD6}&id=111315&sid=12279

Comentário: A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) acha que o Público devia ter censurado um artigo de opinião. Isto devia ser motivo suficiente para acabar com a ERC ou então despedir os membros do Conselho Regulador, por quebra das elementares regras de um Estado Livre.

Museu que contesta a teoria da evolução vai nascer em Mafra

O criacionismo, ou a teoria da concepção inteligente, é um movimento que defende que a vida na Terra começou tal como vem na Bíblia, com Adão e Eva, e que todos descendemos dos animais e humanos que embarcaram na Arca de Noé. É um movimento religioso e fundamentalista, que tenta afastar dos manuais escolares a teoria da evolução de Darwin, e tem grande expressão nos Estados Unidos. Mas começa a ganhar terreno na Europa e está a chegar a Portugal.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=12&d=08&uid={45633B94-372F-4E02-BBC0-9284A5157F66}&id=111233&sid=12270

Comentário: É incrível como é que ainda há pessoas, no século XXI, que acreditam na teoria criacionista e refutam o evolucionismo. Como é que ainda há alguém que acredita que a Terra tem apenas 4000 anos (estudos científicos dizem-nos que tem 4500 milhões de anos, que os homens surgiram há 150 mil anos, e os dinossauros há 65 milhões de anos...), que todos os seres vivos descendem dos animais e humanos da Arca de Noé, etc. Charles Brabec, o responsável pela construção deste museu, explica assim: “É muito difícil de acreditar nisso [na evolução]. É mais fácil crer que Deus omnipotente o criou de uma vez só.”. Como é mais fácil, acreditemos no criacionismo. Como é mais fácil perceber que a Terra é o centro do Universo (então mas nós não vemos todos os dias o Sol às voltas no céu, e nós cá em baixo paradinhos?), então continuemos a acreditar no geocentrismo... e por aí adiante.
De qualquer forma, apesar de achar absurdo que ainda se acredite em certas teorias, penso que se deve aceitar que os seus crentes tenham os seus espaços e a liberdade para expressarem a sua opinião. Daí eu não esteja contra a criação do museu. Voltando a Voltaire (interessante jogo de palavras :)), “posso não acreditar em nada do que dizes, mas defenderei até à morte o direito de o dizeres”. É que o que para mim é verdadeiro, para Charles Brabec é absurdo. E, desde que nenhum de nós interfira na liberdade de qualquer outro (os criacionistas tendem a ser agressivos e intolerantes), quer ele quer eu temos os mesmos direitos de expressar as nossas visões do Mundo.

2.12.06

Bento XVI conseguiu "a paz de istambul"

O Papa esvaziou os protestos muçulmanos mais radicais, estendeu pontes à Turquia e confirmou o diálogo com a Igreja Ortodoxa. Por António Marujo
O Papa Bento XVI deixou ontem Istambul, após quatro dias de visita à Turquia, lançando quatro pombas como símbolo da paz. Governo e imprensa turcos, líderes religiosos muçulmanos, o Vaticano e a Igreja Ortodoxa - todos estão satisfeitos com o modo como o acontecimento decorreu. "A paz de Istambul", sintetizava em título o diário liberal turco Milliyet. Uma visita para escrever história, reagiram jornais e comentadores.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=12&d=02&uid={87874AE6-032E-46B6-B698-8C18EEC7DA3C}&id=110364&sid=12161

Comentário: O Papa Bento XVI foi, diplomaticamente falando, quase perfeito nesta sua viagem à Turquia, conseguindo fazer esquecer a situação de Ratisbona. Recorde-se que na altura muitos muçulmanos consideraram parte do seu discurso ofensiva para o islão, nomeadamente numa breve referência às “coisas más e desumanas” trazidas por Maomé – apesar de ser uma situação retirada do contexto, a verdade é que Bento XVI podia ter tido um pouco mais de tacto, pois todas as suas palavras são analisadas à lupa.
Agora o Papa acertou em cheio. Em primeiro lugar, a própria decisão de visitar a Turquia. Depois, o apoio da aceitação da Turquia na União Europeia, algo que Ratzinger não aceitava – oxímoro que deve ser considerado natural, já que quando alguém chega a Papa passa a ser o chefe supremo da Igreja Católica, e portanto mais importante do que as suas opiniões passa a ser a defesa da sua Igreja. E, além disso, o facto de ter rezado numa mesquita, ao lado do mufti (chefe religioso) de Istambul, cumprindo as regras de oração muçulmana, voltando-se para Meca e não fazendo o sinal da cruz no final. Tudo somado, foi uma verdadeira viagem ecuménica, dando passos positivos para a paz entre as religiões católica, ortodoxa e muçulmana.