O ministro das Finanças espera conseguir um crescimento das exportações se os exportadores reduzirem as suas margens.
Não se exporta mais se não tivermos produtos competitivos à escala global, e isso não se faz com o TGV. Conheço aí uns 50 projectos que, com um quarto do dinheiro que se vai gastar nessas obras, usando sobretudo recursos que deus nos deu...
Não nos deu petróleo, nem diamantes...
Pois não, mas temos uma floresta que está a funcionar ao contrário, que dá mais prejuízo do que receita. Temos de explorar a floresta, limpar a floresta, fazer mais uma fábrica de papel, fazer serrações e fábricas de móveis, fazer centrais energia com base na biomassa dos resíduos florestais. Aí podia-se criar uma enorme quantidade de emprego, e por cada emprego que se cria na indústria, criam-se pelo menos dois empregos nos serviços.
Não lhe cabe a si promover esses projectos?
A Sonae já é o maior investidor nacional, investimos tudo o que ganhamos.
Acredita no turismo?
Acredito, porque também foi das tais coisas que deus, quando passou por cá, nos deixou. Deixou praia, sol, um povo simpático, um bom clima - conheço cento e tal países no Mundo e, numa atitude relativamente isenta, se tivesse de escolher, escolhia Portugal para viver - e tudo com a vantagem de sermos um destino seguro e estarmos perto das principais capitais. Daí que a nossa ideia seja fazer mais Tróias, mais equipamentos de muita qualidade, capazes de inverter o mal que já se fez com o turismo de massas. Temos de atrair os turistas que consomem, os que vêm para jogar golfe, ou o turismo de terceira idade. Em Espanha vendem-se todos os anos 90 mil residências a estrangeiros...
Como é que os privados podem ajudar a resolver o problema do número de funcionários públicos?
Tenho muito respeito pelos mais de 700 mil funcionários públicos, mas sei que há talvez uns 200 mil a mais. Por isso acho mal o discurso de que não se despede ninguém. Se o Estado, ao menos, criasse nas pessoas algum sentimento de inquietude, se garantisse que lhes pagava o diferencial se fossem trabalhar para uma empresa, garanto-lhe que haveria procura. Nós estamos a importar muita mão-de-obra, mesmo a Sonae. Todos os anos contratamos 1500/2000 pessoas e não aparecem portugueses para todos esses lugares.
Mesmo com 400 mil desempregados?
Sim, e mesmo sendo alguns deles relativamente jovens e qualificados, que só querem empregos para licenciados. Se eles forem bons, se tiverem qualidade, o canudo não interessa, o que interessa é "fazer a tropa", passar pelas tarefas que estão disponíveis, pois o sucesso chegará se eles merecerem, se forem diligentes e competentes.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?id=46606&sid=5193
Comentário: É uma pena não termos um gestor de excelência como Belmiro de Azevedo a gerir o nosso país. Creio que sairíamos do fosso em que nos encontramos. Mas, como é natural, os melhores não se querem “queimar” – e por isso não aceitam cargos públicos. Vá lá saber-se porquê...