31.1.06

Microsoft e Estado querem formar um milhão de portugueses em cinco anos

A Microsoft Portugal pretende formar um milhão de portugueses em tecnologias de informação, nos próximos cinco anos, num projecto desenvolvido em conjunto com o Estado, afirmou hoje o director-geral da empresa.
In http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1246400&idCanal=64

Comentário: Qualquer projecto com empresas com a Microsoft, com universidades como o MIT, etc., é de saudar. Formar um milhão de portugueses em tecnologias da informação – em apenas cinco anos! – é de louvar, se for praticável. Além deste projecto com a Microsoft, Bill Gates e José Sócrates assinaram 18 projectos em conjunto, como parte do Plano Tecnológico. As notícias das últimas semanas são muito boas: investimento estrangeiro de qualidade, projectos de investigação. Quase que parece bom demais para ser verdade. Esperemos que se concretizem. Uma coisa, pelo menos, já conseguiram. A nossa auto-estima está a aumentar, a confiança está a progredir no bom sentido. Está dado o primeiro passo para o tão necessário crescimento económico.

RE: Israel satisfeito com posição internacional face ao Hamas (II)

Conheço uma expressão semelhante, da autoria do “gordinho” Winston Churchill: “A democracia é o pior sistema, com excepção de todos os outros.”. O que dá uma ideia clara da imperfeição do sistema mas, ainda assim, apesar de ser imperfeito, é o melhor que conseguimos criar.

Já essa outra frase dá a ideia oposta: se não exceptuássemos todos os outros, então a democracia seria o pior sistema – ou pelo menos não seria o melhor – o que me parece um contra-senso. Foi um equívoco, Faber. O Sergio Godinho não diria tal alarvidade. De facto, o que ele diz na música “A democracia” é exactamente a transcrição da frase de Churchill.

Abraços

RE: Israel satisfeito com posição internacional face ao Hamas (I)

Já dizia o Godinho: "a democracia é o melhor sistema com excepção de todos os outros...".
Temos aqui um exemplo claro da preversidade do sistema democrático. Evidentemente, o risco em democracia tem de compensar, na falta de outro sistema melhor...
Temos duas nações, com diferenças religiosas cortantes, com dois estados recentes, criados ao abrigo de tratados e interesses das potências mundiais.
Tudo isto num território que é impossível distribuir por estados associados a duas das facções religiosas para as quais Jerusalém é local sagrado.
A solução, utópica, mas única, será a criação de um só estado para toda a faixa de Gaza, sediado em Jerusalém, de características laicas e plurais, em que coabitassem todos.
Se nos lembrar-mos que Jerusalém é igualmente cidade santa para os católicos e que estes já de lá saíram, fruto do progresso político e social do ocidente, podemos acalentar alguma esperança naquele sentido.
Mas as feridas são tantas que isso nunca será possível.
Está na Bíblia...
(Faber)

30.1.06

Israel satisfeito com posição internacional face ao Hamas

A chanceler alemã recusou encontrar-se com responsáveis do movimento islamista
O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, relatou ontem na reunião semanal do Executivo os esforços feitos pelo Estado hebraico para ser apoiado pela comunidade internacional na sua tentativa de isolar o Hamas enquanto o movimento não desista da luta armada e de pedir a destruição do Estado de Israel.Olmert relatou os três princípios que Israel quer ver respeitados pela Autoridade Palestiniana (AP): o desarmamento do Hamas e das outras facções combatentes, a anulação da carta fundadora do Hamas que pede a destruição do Estado hebraico e o respeito de todos os acordos assinados entre Israel e a AP. Sem isto, "Israel não terá quaisquer contactos com os palestinianos".
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=30&uid=&id=61000&sid=6748

Comentário: Quando se pugna tanto pela democracia, tem de se estar disponível para aceitar os seus resultados. O Hamas venceu, claramente, as eleições na Palestina. Tem neste momento a maioria absoluta, com 74 deputados num total de 132 – a Fatah quedou-se pelos 45. Isto traz inúmeros problemas, já apontados pela comunidade internacional. Os mais graves são dois:
1) o Hamas é ainda um grupo terrorista, e rejeita o desarmamento;
2) a carta fundadora do Hamas pede a destruição do Estado de Israel.
Este partido, agora no poder, deseja criar um estado teocrático, islâmico, apesar da maioria da população desejar um estado laico. Então e como é que o Hamas ganhou as eleições? Duas razões principais:
1) o slogan do Hamas era “não somos corruptos”. De facto, as principais razões da derrota da Fatah foram os graves problemas de corrupção, peculato, abuso de poder e má governação enquanto foi governo;
2) o Hamas tem um rede assistencial, que vai da saúde à educação, muito bem organizada e com reputação no meio do povo palestino.
Em resumo, um partido extremista chega ao poder porque o partido (agora) mais moderado é corrupto, governa mal e promove o nepotismo. Entretanto os extremistas islâmicos, populistas e “assistencialistas” vão chegando, devagarinho, ao povo e, numas eleições democráticas, chegam ao poder (e isto não é só no mundo árabe – pode muito bem acontecer no mundo ocidental, como os casos Le Pen e Jorg Haider o demonstram, se bem que de forma distinta). Se isto significar uma acalmia e uma atitude pragmática do Hamas – tal como sucedeu com a Fatah há tempos atrás – estes resultados até podem ser positivos. Mas caso a radicalidade destes terroristas não termine, o Médio Oriente pode entrar numa espiral de violência cada vez mais aterradora.

27.1.06

RE: Resultados impõem a Cavaco e Sócrates inevitável colaboração (V)

Telegraficamente:

- Estas eleições não são partidárias;
- Apesar disso nunca disse que o PS era vencedor, claro perdedor, mas sim o Socrates. Resolveu alguns problemas internos e tem o PR que lhe pode garantir a reeleição e consequentemente 8 anos de governo;
- Como já respondi num mail para o Pedro eu tb acho o Fax falso mas isso não impossibilita que muitos Socialistas tenham votado Cavaco pela razões evocadas no Fax;
- Reafirmo que Alegre foi um derrotado. Está metido numa embrulhada que pode, num caso extremo, tira-lo das próximas listas de deputados à AR. Ele fez a criança, ficou com ela nos braços mas agora não sabe como há-de mudar-lhe as fraldas.
- Alegre pode ter dado uma vitória a outros que poderão surgir entretanto e que tirarão partido deste facto. Ele nunca surfará esta onda...
(Zema)

26.1.06

RE: Resultados impõem a Cavaco e Sócrates inevitável colaboração (IV)

Apreciei a tua análise às eleições, e até concordo com quase tudo. Excluindo alguns pontos, que são os que vou focar, naturalmente:).

1. Não concordo nada com o que dizes acerca de Sócrates ter sido um vencedor. Ele passa a ser o líder do PS com o pior resultado eleitoral de sempre. Apoiou um candidato de peso, e teve uma derrota estrondosa. Um partido como o PS ter uma percentagem de votos quase ao nível do que habitualmente o PCP e o BE (nos tempos áureos) apresentam é muito mau. Não quer isto dizer que no futuro a coabitação Cavaco/Sócrates não possa ser positiva – para ambos e para Portugal – mas a verdade é que o resultado é mau para o PS. Basta ver que o Primeiro-Ministro se preparava para apoiar Manuel Alegre na segunda volta, no caso de ela acontecer (para mim o tal fax que mandas é falso – não seria muito mais fácil fazer isto por telefone, ou pessoalmente, em vez de estar a utilizar um papel da Presidência do Conselho de Ministros?). Ora, apoiar o “traidor”, é mesmo para evitar o “lobo mau”, Cavaco.
2. Manuel Alegre foi um vencedor, claramente. Conquistou, sem o apoio de nenhum partido, mais de 1 milhão de votos. Isso é um feito, para já, único no nosso país, e por isso merece o aplauso reservado aos vitoriosos. Ainda para mais deixou Soares, o seu novo arqui-inimigo, que contava com o “poderoso” aparelho do PS por trás – repara que, dos socialistas “notáveis”, nenhum apoiou Alegre! –, muito atrás. Claro que tenho grandes dúvidas acerca do que o poeta poderá fazer agora aos 20% de votos que conquistou. O candidato anti-partidos mais “aparelhístico” de sempre – recorde-se que ele é deputado do PS desde o fim da ditadura, vice-Presidente da Assembleia pelo PS, e sempre apoiou os governos socialistas – vai ter grandes dificuldades em criar algo fora do aparelho do, ainda, seu partido. Alegre criou uma enxurrada que não conseguirá, muito provavelmente, controlar. E esta corrente de apoio, não sendo aproveitada agora, provavelmente até se poderá evaporar no futuro próximo.

Uma última nota, que desta vez não contraria o que disseste, em relação ao Louçã. Li a entrevista dele no Jornal de Negócios, e concordo contigo. A sorte dele é que nenhuma das pessoas que vota nele a leu, porque se a lesse, ele não tinha 5,3%. Ficava lado a lado com o Garcia Pereira.

RE: Resultados impõem a Cavaco e Sócrates inevitável colaboração (III)

Governo manda investigar fax com logo da Presidência
2006/01/25 19:19

Documento circula pela Internet. Fausto Correia aventa que conteúdo pode ser tentativa de «tramar Sócrates»
«Alguém quer tramar Sócrates»
Veja aqui o fax
O Governo solicita à Procuradoria-Geral da República que analise conteúdo e proveniência do fax que anda a circular na Internet, envolvendo o nome do primeiro-ministro, e o logo da Presidência do Conselho de Ministros, a fim de investigar o documento.
Luís Patrão, chefe de gabinete do primeiro-ministro, confirmou ao PortugalDiário que vai encaminhar para a Procuradoria-Geral da República para eventual procedimento criminal contra o(s) autor(es) do fax. O chefe de gabinete do primeiro-ministro desmente categoricamente o conteúdo da missiva.
A Presidência considera grave esta falsificação clara da esfera armilar e do logótipo do Conselho de Ministros, por isso quer o caso averiguado pela PGR.
O fax é dirigido a Fausto Correia, eurodeputado e mandatário distrital da candidatura de Mário Soares à Presidência da República, e vem assinado por Carlos Guerra. Tal como o PortugalDiário informou este nome não consta dos serviços da Presidência do Conselho de Ministros.
www. http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=639135&div_id=291
(Rita Morais)

RE: Resultados impõem a Cavaco e Sócrates inevitável colaboração (II)


Complementando o meu e-mail anterior, e um pouco na onda da justificação do Socrates ser um Vencedor, junto um fax que um Jornalista aqui do Burgo acabou mesmo agora de me dar. (isto vai sair amanhã aqui em Coimbra nos Jornais)

Em jeito de informação digo que o Dr. Fausto Correio foi o coordenador da Campanha do Soares no Distrito de Coimbra e é actualmente eurodeputado pelo P Socialista

Obviamente que o que mando pode ser falso mas quem me o deu garante que não... Deixo ao critério de cada um.
(Zema)

RE: Resultados impõem a Cavaco e Sócrates inevitável colaboração (I)

Com vários dias de atraso mas aqui vai o meu comentário:

Estão finalmente reunidas as condições para que Portugal possa iniciar um caminho de sucesso politico e ecónomico.
Nos próximos 3 anos, em principio, não haverão eleições, temos um governo a governar em Maioria Absoluta e agora, finalmente, um PR propicío à realização de reformas fundamentais no Portugal de hoje.
Acredito que a confiança vai voltar só falta mudar o nossos modelos de desenvolvimento economico e social, coisa pouca.

Relativamente às eleições propriamente ditas vou dividir os protagonistas em duas classes: Os vencedores e os Vencidos.

Equipa A - Vendedores

Cavaco Silva - Ganhou as eleições. Vai ser o Primeiro Presidente de Centro-direita. Ganhou num cenário completamente adverso com 5 candidatos que se candidataram contra ele. Maior e o melhor vencedor da noite.

Marques Mendes - Viu corolada de exito a estrategia que aprovou faz brevemente um ano no congresso de Pombal. Para que a sua estratégia tenha um grau de sucesso de 100% resta-lhe mudar os estatutos de modo a que a próxima eleição no PSD seja com directas. Tem pela frente 3 anos de oposição. Se conseguir aguentar 3 anos...

Ribeiro e Castro - Ao decidir apoiar Cavaco, não lançando um candidato próprio correu riscos. Mas para Cavaco ter vencido à primeira volta foram fundamentais os votos do CDS. Reforçou a liderança e ganhou capital politico junto de alguns grupos politicos.

Jerónimo de Sousa - o PCP prova que não cresce mas também não decresce. São os votos mais militantes e fieís de todo o panorama politico Português. Uma vez comunista... Foi obrigado a avançar como resposta à nova esquerda burguesa mas manteve o registo das autárquicas.

José Socrates - Para mim foi um dos grandes vencedores. Acho que nunca quis que Soares ganhasse e notou-se na campanha. Com a vitória de Cavaco pode ter assegurado a sua reeleição (cavaco nunca irá ser um contra-poder a Socrates, pelo menos num primeiro mandato). Arrumou a casa e livrou-se do Clã Soares. Alegre nunca será uma sombra para o Líder. Acho que poderá trabalhar muito bem com Cavaco...

Equipa B - Perdedores

Mario Soares - Um erro. Foi um erro avançar, foi um erro a campaha, erro atrás de erro. Com um discurso da velha esquerda rosa. Com referências à luta anti-fascista, onde até Alegre, alegremente, lhe dá uma lição, pois enquanto um estava nas esplanadas de Paris, o outro emitia directamente da Argélia. Era um senador, uma quase Pai da Pátria e acabou mal, muito mal como até ele próprio reconhece. Vai entreter-se a arrumar os livros que espalhou na cozinha de casa para a entrevista da SIC...

Manuel Alegre - Pode parecer esquisito mas pessoalmente acho que Manuel Alegre foi um dos Vencidos. Aliás, acho que qualquer que fosse o resultado ele seria sempre um perdedor. Manuel Algre tem neste momento mais de 1 000 000 de votos. Politicamente isso é um potencial enorme. Mas que pode MA fazer com isso? Acho que não vai fazer nada e essa é a sua grande derrota. Não sabe o que pode fazer... Partido novo? Acho que não... e caso Socrates convoque outro congresso ele será recolocado no lugar dele. Ninguém vai contra o PM de Portugal...

Francisco Louça - Podia ter sido pior. Caso não chegasse aos 5% ficava sem o dinheiro para a campanha e isso era mais complicado. Mas teve uma votação inferior ao BE nas autarquicas e isso é uma derrota pessoal para o Beato da Esquerda. Mais curioso é ver como o ideiais e as ideias do FRancisco se vão adaptando consoante os ouvintes. A entrevista dele no Jornal de Negocios é completamente diferente do que depois vai dizer para a porta de uma fábrica... Cada vez mais navega à bolina. O que lhe vai valendo é que ainda consegue ter uma exposição mediática com que o Alegre e o Jerónimo apenas poderam sonhar.


Em resumo, ainda bem que não houve 2ª volta e faço votos que este governo se aguente até ao fim do Mandato e que finalmente consiga implementar uma série de medidas que são urgentes para o pais.
Que o Cavaco seja metade do que os Portugueses esperam dele. Nunca se exigiu tanto a um PR como se vai exigir a Cavaco mas eu acho que ele sabe isso e vai estar à altura... espero eu, por todos nós.
(Zema)

25.1.06

Palestina A eleição que tardava

Numa clínica do único território palestiniano que não tem ocupação israelita no interior, mas em volta, dois homens resistem a dizer a palavra Hamas, o movimento em que hoje vão votar. As segundas eleições legislativas de sempre para os palestinianos são as primeiras em que a Fatah de Arafat competirá com os islâmicos do Hamas, candidatos ao poder com mais de 30 por cento de votos nas sondagens
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=25&uid=&id=60055&sid=6650

Comentário: Há dez anos, enquanto decorria o processo de paz de Oslo, ocorreram as primeiras eleições legislativas na Palestina. Hoje, pela segunda vez na sua história, ocorrerão as segundas – as primeiras multipartidárias. Desta vez, Arafat já não existe. A Fatah está dividida, e os votos concentram-se perigosamente no grupo terrorista Hamas, devido à corrupção endémica do partido de Arafat. Americanos, europeus e israelitas moderados mostram sinais de extrema preocupação.
Sharon morreu, politicamente, há uns dias. Exactamente no seu apogeu enquanto estadista, precisamente na altura em que era mais consensual internacionalmente. Fisicamente está vivo, “a recuperar”, o que apenas demonstra que este homem é, de facto, um duro. Duro, implacável, e especialmente pragmático. Os últimos tempos demonstraram em especial esta última característica, com a sua política de retirada de Gaza.
Ariel Sharon foi um militar temível, que combateu em todas as guerras onde Israel esteve envolvido, desde a formação do Estado judaico. Começou logo em 1948. Desobedeceu inúmeras vezes às ordens dos seus superiores, arriscando variadas vezes a vida em ataques arrojados. Ganhou o reconhecimento nacional – tornou-se verdadeiramente um herói – na guerra de Yom Kippur, em 1973, em mais uma manobra arriscada e de desrespeito pelas patentes mais altas: atravessou o Suez com os seus blindados e cercou o exército egípcio, numa manobra que alterou o rumo da guerra. Foi sempre muito mal visto pelos árabes, em especial a partir dos massacres de Sabra e Shatila, e foi um dos grandes impulsionadores dos colonatos.
Por toda esta história, a fase final da sua vida política, e talvez física, é estranha para todos. Mas apenas demonstra o tal pragmatismo de que falava há pouco. Sharon decidiu retirar-se da Faixa de Gaza, com o propósito de assegurar a segurança de Israel, logo a Paz. O Mundo foi-se apercebendo, incrédulo, de que este Primeiro-Ministro de Israel poderia estar a conseguir a tão almejada resolução do eterno conflito do Médio Oriente. Nesse momento, o seu frágil corpo humano prega uma partida à História.
Pragmaticamente, também, temos de concluir que a sua morte política vai atrasar, de novo, a solução para o grave problema Israel/Palestina. O futuro manter-se-á sombrio. Agora sem Sharon. E se calhar com o Hamas…

24.1.06

Turquia anula julgamento do escritor Orhan Pamuk

A Justiça turca decidiu anular ontem, em definitivo, o julgamento do escritor Orhan Pamuk, que compareceu em tribunal pelas suas declarações sobre o genocídio da população arménia durante a fase final do Império Otomano e a situação da população curda na Turquia. O processo, desencadeado por um grupo de advogados nacionalistas, estava a embaraçar o Governo pós-islamista e poderia comprometer as aspirações europeias de Ancara.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=24&uid=&id=59995&sid=6641

Comentário: Orhan Pamuk é um escritor turco, daqueles que gostam de contar as verdades do passado dos seus países, sem ter medo das consequências que possa sofrer. Na fase final do Império Otomano, é um facto que foram mortos 1 milhão de arménios e 30 mil curdos. Isto, por definição, é um genocídio (aliás, dois!). Mas os sucessivos governos turcos não querem admitir esta evidência, e tentam esconder esse seu passado para debaixo do tapete. Ora, num país que pretende entrar na União Europeia, tal situação é inaceitável. Olhar para trás e reflectir sobre o seu passado é a única garantia que se pode ter do que será o seu futuro. Perseguições sobre escritores ou sobre qualquer outra pessoa que apenas se preocupa em desvendar a verdade, é normal em regimes teocráticos e autoritários (como o caso da condenação à morte de Salman Rushdie por Khomeini, no Irão), mas não é aceitável num país que se define como democrático e defensor dos direitos humanos e das liberdades cívicas – tais como a liberdade de expressão.

23.1.06

Resultados impõem a Cavaco e Sócrates inevitável colaboração

Cavaco ganhou à primeira, mas sem uma votação esmagadora. Já o resultado de Alegre, que ultrapassou de longe o de Soares, desestabiliza a maioria socialista e aconselha mais humildade a José Sócrates, que deve procurar alargar a base de apoio para as suas reformas. Os eleitores enviaram pois um recado claro ao novo Presidente e ao primeiro-ministro: colaborem
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=23&uid=&id=59797&sid=6619

Comentário: Há algum tempo atrás, quando se iniciou a pré-campanha para as presidenciais (em 27 de Outubro, confirmar aqui: http://forumdonando.blogspot.com/2005/10/re-confuses-do-candidato-mrio-soares_27.html), previ o seguinte cenário: “As minhas apostas: Manuel Alegre em segundo lugar. Cavaco com maioria absoluta. Último prognóstico: Soares adormece na noite eleitoral, e só sabe dos resultados na manhã seguinte…”. Enganei-me na última parte, porque de facto Mário Soares esteve sempre bem acordado, em toda a campanha – a vitalidade que continua a demonstrar é impressionante – mas no resto acertei. Foi uma boa vitória de Cavaco Silva, por o ser logo à primeira volta, e especialmente um excelente resultado de Manuel Alegre, que sem apoios partidários conseguiu um resultado impressivo. O grande derrotado é, como muitos previam, Mário Soares, e por arrastamento o PS de José Sócrates (o Primeiro-Ministro teve uma atitude de enorme desrespeito por Manuel Alegre, ao sobrepor o seu discurso ao deste candidato, numa atitude de enorme baixeza e despotismo). O ex-Presidente mereceu a derrota, porque teve uma campanha pela negativa, feita de virulentos ataques ao recém-eleito Presidente, o que demonstrou apenas uma enorme falta de educação, resultado provavelmente do desespero.
Felizmente que se resolveu tudo à primeira volta, porque já estava, sinceramente, farto de campanhas e pré-campanhas. Agora, como disse o novo Presidente, “mãos à obra” – começa a parte que costuma ser a mais difícil para os portugueses…

21.1.06

Xiitas obrigados a partilhar o poder no Iraque

Os partidos religiosos não conseguiram maioria absoluta, os árabes sunitas subiram e os curdos desceram. O entendimento vai ser difícil
A grande aliança de partidos religiosos xiitas iraquianos venceu as eleições legislativas de 15 de Dezembro mas não conseguiu obter a maioria absoluta, anunciou ontem a Comissão Eleitoral do Iraque ao divulgar, finalmente, os resultados oficiais do escrutínio. Os curdos perderam lugares ficando com menos deputados do que os sunitas, que aumentaram substancialmente a sua votação. Está assim aberto o caminho para as negociações com vista à formação do próximo governo do Iraque. Umas negociações que se adivinham longas e difíceis.O cenário que os norte-americanos favoreciam, - em privado, segundo a Associated Press - parece ter-se materializado. Os xiitas venceram mas sem maioria absoluta (128 num total de 275 deputados) e os partidos sunitas mais moderados (44 deputados) obtiveram resultados bastante melhores que o bloco mais radical (11). Sobra ainda a Aliança do Curdistão com 53 assentos parlamentares e o partido xiita secular liderado pelo ex-primeiro-ministro Iyad Allawi, com 25 deputados. Os restantes 14 deputados irão representar uma série de pequenos partidos.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=21&uid=&id=59533&sid=6591

Comentário: Os resultados das eleições iraquianas, divulgados ontem, foram uma boa notícia. Os xiitas ganharam, como era esperado, mas sem maioria absoluta, o que é muito positivo. Por um lado não terão poder absoluto, não podendo subjugar as outras etnias; por outro vão ter mesmo de se coligar com sunitas e curdos para formar governo, assegurando assim uma maior diversidade que será fundamental para nenhum grupo se insurgir contra a situação actual. Passo a passo se vai fazendo o caminho.

Autoeuropa precisa de mais modelos para garantir terceiro turno após 2008

Perder o Marrakesh foi o segredo para a conquista do modelo ontem anunciada pela Volkswagen, diz Manuel Pinho. Por agora, o momento é de alívio: os actuais 2700 postos de trabalho ficam salvaguardados. Ainda assim, a unidade de Palmela ficará pela metade da sua capacidade instalada de 180 mil viaturas anuais e sem ritmo para um terceiro turno.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=21&uid=&id=59462&sid=6584

Comentário: Esta é a semana dos grandes investimentos estrangeiros em Portugal, não há dúvida. Publicitar oito investimentos numa semana é obra – e não terá nada a ver com as eleições de amanhã, naturalmente! :) Seja eleitoralismo ou não (estou pouco interessado nas politiquices), interessa-me sim é a injecção de capital estrangeiro de que o nosso país tanto precisa: a grande aposta da Ikea, o projecto Agni (pilhas de combustível), projectos turísticos para o litoral alentejano, entre outros. Boas notícias para a nossa balança comercial é o que se deseja

Re: José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal (VI)

Quase 32 anos após o 25 de Abril, a mentalidade mesquinha de um "portugalzinho salazarista" quer condicionar até as referências mundiais a um mero departamento controlado e limitado. Se as idéias que impulsionam o desenvolvimento são descaradamente manipuladas em favor de "alguns" então o país nunca irá melhorar!
(Feiteira)

RE: José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal (V)

De facto, não há condições para o Ministro da Ciência e do Ensino Superior (assumindo-se de TODO o Ensino Superior, e não apenas o administrado na Instituição onde o próprio é docente) tutelar todas as universidades. Tenho pena de o dizer pois, desde o tempo em que era ministro de Guterres, penso que ele era dos que melhor vinha dirigindo este importante Ministério. Mas não é aceitável que haja este sectarismo e favorecimento da “sua” instituição.

RE: José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal (IV)

E segundo o www.oindependente.pt o ministro já tem nome.

Será que há condições para que o Ministro das Universidades possa tutelar as mesmas sabendo-se que para ele há universidades e universidades?

Mais uma vez... Haja Vergonha e Decoro!(Zema)

19.1.06

RE: José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal (III)

É uma vergonha que alguns membros do executivo defendam "que seja apenas uma universidade portuguesa, nomeadamente o Instituto Superior Técnico (IST), a deter a exclusividade da parceria com o MIT”.

Infelizmente, conclui-se que muitos dos nossos governantes estão a soldo de instituições públicas e privadas, em vez de defender os elevados interesses do país. Pina Moura, escandalosamente ainda deputado da nossa Assembleia, é Presidente da Iberdrola Portugal, empresa que tem participação na EDP. Assim, Pina Moura deve defender aos dias pares o Estado, e nos ímpares a Iberdrola. Não pode ser de outra forma. Mas é uma vergonha. E agora, o lobby do IST, que se deve achar superior à restante ralé, quer ter a exclusividade da parceria com o MIT, numa atitude que apenas demonstra inferioridade e sobranceria.

É o país dos compadrios em que vivemos.

Re: José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal (II)

Para perceberem bem na porcaria de país em que nos encontramos leiam quem é o culpado desta tramóia:

RE: Ikea investe 527 milhões de euros em Portugal até 2015 (I)

Excelente noticia.
Que agora se saiba criar uma rede de pequenas industrias fornecedoras da Fábrica a criar criando assim muito mais emprego através do emprego indirecto.
A melhor noticia é que a maior parte da produção será destinada à exportação.
A parte menos boa foi as razões para a localização ser feita em Portugal: O nosso eterno modelo de desenvolvimento economico baseado, ainda, na mão de obra pouco especializada e barata.

Melhor noticia ainda é a implementação em Portugal de duas unidades de produção, uma na área das energias renováveis e outra na produção de baterias e respectivo centro de investigação em Montemor-o-velho. Felizmente nestas, a componente de inovação tem um peso significativo.

Vamos ver se isto começa a melhorar...
(Zema)

RE: José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal (I)

Uma Vergonha... Uma Vergonha.
E depois "esse" tal ministro nem é capaz de assumir...

O próprio PM já confirmou.
É o eterno problema das capelinhas e neste caso o IST foi a capelinha defendida.

É o avolumar destes "pequenos" incidentes que vai manchando um governo que até poderia ser, pelo rumo escolhido, um bom governo.
É o autismo e o compadrio que estragam o ramalhete.

E logo hoje que vão apresentar um plano que teoricamente pode ser muito bom para Portugal...
(Zema)

18.1.06

Ikea investe 527 milhões de euros em Portugal até 2015

Até 2010, serão aplicados 450 milhões numa fábrica três lojas e dois centros comerciais
O grupo sueco Ikea anunciou ontem que pretende investir cerca de 527 milhões de euros em Portugal, país que passará a funcionar como uma espécie de base de produção da empresa para todo o mundo. Uma fábrica - que alguma imprensa dava ontem como certa a sua localização em Ponte de Lima -, três lojas e dois centros comerciais são os investimentos programados até 2010 por esta empresa líder mundial no mercado de distribuição de mobiliário e artigos de decoração para o lar. Nos cinco anos seguintes deverão abrir mais duas lojas.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=18&uid=&id=58929&sid=6530

Comentário: Num momento em que há tantas deslocalizações de empresas para o estrangeiro, e em que a concorrência dos países de Leste – dentro da UE – e da Índia e China na captação de investimento estrangeiro é tão forte, é uma notícia muito boa este investimento do grupo sueco Ikea em Portugal (um grupo que factura o equivalente a 10% do PIB português!). Está de parabéns a diplomacia económica portuguesa, muito em especial a API (Agência Portuguesa de Investimento), que terá sido a principal responsável por esta boa nova.

José Tavares: "Há um ministro" que se opõe à entrada do MIT em Portugal

O ex-coordenador do Plano Tecnológico José Tavares denunciou hoje publicamente que "há um ministro" no Governo que se opõe à entrada em Portugal do MIT - Massachusetts Institute of Technology, num investimento que totalizaria 50 milhões de euros.
"O presidente do MIT [Massachusetts Institute of Technology] informou em Dezembro que está disponível para avançar em Portugal", disse José Tavares durante uma mesa redonda organizada pelo "The Economist" e onde se encontrava o primeiro-ministro."Há um ministro que está contra o projecto", acusou José Tavares, escusando-se a dizer o nome do responsável do Executivo a que se referia, e perguntando ao primeiro-ministro qual será a sua decisão nesta matéria.
In http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1245109&idCanal=63

Comentário: A vinda de uma das mais reputadas universidades do Mundo – ao nível de Cambridge, Oxford, Harvard e Stanford – para Portugal seria das melhores notícias que poderíamos ter nos próximos tempos. A ser conseguido, seria uma vitória extraordinária do Governo, e merecia o reconhecido aplauso. É das melhores medidas que constam do seu “Plano Tecnológico”. Se, de facto, há um ministro do nosso Governo que está contra o projecto, isso só demonstra total ignorância e irresponsabilidade, e só por isso devia ser demitido. Espero, sinceramente, que tudo isto seja apenas uma confusão do ex-coordenador do “Plano Tecnológico”.

RE: Europa prepara sanções diplomáticas contra o Irão (II)

Por acaso escrevi Ahmadinejad sem recorrer ao copy+paste. Mas confirmei agora (http://www.infoplease.com/ipa/A0931736.html) e parece que, afortunadamente, acertei! :)

Abraço

RE: Europa prepara sanções diplomáticas contra o Irão (I)

Uma pergunta tecnica; Gostaria de saber se escreveste o nome "Ahmadinejad" sem recorrer ao copy-paste porque eu tive de o fazer para escrever esta pergunta.
(Ricardo Magalhães)

17.1.06

Europa prepara sanções diplomáticas contra o Irão

A troika da União Europeia pediu uma reunião de emergência da Agência Internacional de Energia Atómica, para levar o dossier iraniano ao Conselho de Segurança, um primeiro passo para sanções diplomáticas e para isolar Teerão
A troika europeia (Alemanha, França e Grã-Gretanha, UE3) pediu ontem uma reunião de emergência do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a 2 e 3 de Fevereiro, para que esta apresente ao Conselho de Segurança da ONU a questão do nuclear iraniano, primeiro passo para eventuais sanções diplomáticas. A sua estratégia parece ser tentar isolar o Irão, evitando sanções económicas. Em resposta, Teerão ameaça reduzir a produção do petróleo e fazer subir o seu preço.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=17&uid=&id=58752&sid=6512

Comentário: Está formalmente aberto o conflito com o Irão. O seu líder radical Ahmadinejad, o tal dos perigosos delírios de “varrer Israel do mapa” e de pôr em causa o Holocausto judeu pelos Nazis, quer enriquecer urânio, muito provavelmente para construir uma bomba atómica – a Agência Internacional de Energia Atómica está há 3 anos a tentar confirmar a “natureza pacífica” do programa iraniano e ainda não conseguiu provar este facto, o que demonstra que, se calhar, o programa nuclear do Irão não será assim tão “pacífico”… Deste modo Ahmadinejad quererá dominar totalmente o Médio Oriente, quem sabe com o propósito final de estabelecer um califado mundial, imolando todos os não-crentes em Maomé – os membros deste Fórum incluídos (penso que ainda não há muçulmanos por aqui, mas seriam bem-vindos). É um desejo perigoso para o Mundo, e por isso é de saudar a coragem da UE em assumir a posição que habitualmente é dos EUA. Atolados no Iraque, os EUA não podem tomar a dianteira deste processo, e por isso é bom que nós, seus aliados europeus, trabalhemos, diplomaticamente (para já…), para a resolução do problema.
O Irão joga com o que tem – o petróleo. Agora que o assunto vai ao Conselho de Segurança da ONU, poderá reduzir mesmo a produção de petróleo, de forma a continuar a arrasar a economia ocidental. E tem poder para isso, devido à nossa dependência energética. No entanto os iranianos não se esquecerão de uma coisa, é que dessa forma a sua renda petrolífera também poderá baixar insustentavelmente.

16.1.06

Chile escolhe Presidente "em grande festa democrática"

A candidata do centro-esquerda deverá tornar-se na primeira mulher a ocupar o palácio de La Moneda
Mais de oito milhões de chilenos foram ontem às urnas para eleger o novo Presidente, em eleições disputadas entre a candidata de centro-esquerda, Michelle Bachelet, ícone feminista e símbolo da reconciliação nacional, e o candidato da direita e empresário de sucesso, Sebastián Piñera.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=16&uid=&id=58687&sid=6502

Comentário: Pela primeira vez na história do Chile, uma mulher será Presidente. Michelle Bachelet, que sofreu as agruras do regime de Pinochet, deverá dar continuidade às políticas do Presidente cessante Ricardo Lagos, que deixou uma “economia pujante” (Público dixit). O Chile mantém-se, calmamente, na rota do progresso, sendo um bom exemplo para os seus conturbados vizinhos na América do Sul.

Final em tons cinzentos de prova dura, intensa e dramática

Faltou um pouco mais de Portugal na competição de carros para que se pudesse vincar a estreia de Lisboa em 28 anos de história do Rali Dakar com uma marca de água Carlos Filipe, em Dakar
Foi com uma festa tímida, contida e bem mais discreta que outrora, que chegou ontem ao fim a 28ª edição do Rali Dakar, a primeira com partida de Lisboa. Terminou com o triunfo da equipa esperada, a Mitsubishi, mas com um vencedor inesperado, Luc Alphand. De quem muitos esperavam o tri, de Stéphane Peterhansel, sobrou só o hexa da marca japonesa, que levou mais concorrência do que esperava, da BMW, da Volkswagen e de Schlesser. Não houve tréguas e foi apertada a luta, decidida por pouco mais que 17 minutos. Perdeu a Volkswagen, que estava à espera de mais. Venceu também o espanhol Coma, nas motos, quando se vaticinava outro êxito do francês Despres, a quem uma queda limitou as expectativas.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=16&uid=&id=58624&sid=6495

Comentário: Terminou ontem o rally Dakar, no que foi a primeira vez um Lisboa-Dakar. Carlos Sousa, de quem se tinha alguma esperança, manteve o 7º lugar do ano passado. Mas para mim o grande vencedor português não foi nenhum piloto – para mim João Lagos é que é o grande triunfador português. Este empresário já conseguiu trazer para Portugal grandes provas internacionais – de ténis, motonáutica, ciclismo, etc. – dando uma grande visibilidade ao nosso país. Muito dinheiro que entrou em Portugal não estaria cá se não fosse o responsável pela organização portuguesa do Dakar. Por isso, juntamente com Luc Alphand (automóveis), Marc Coma (motos) e Vladimir Tchaguine (camiões), a minha salva de palmas vai também para João Lagos.

Portugal permanece o país mais desigual da Europa

Portugal é o país mais desigual e mais pobre da União Europeia e a diferença entre os mais ricos e os mais pobres acentuou-se a partir de 2001. O número de pessoas a viver com menos de 350 euros por mês ronda os dois milhões e teima em não descer
É cada vez maior o fosso que separa os portugueses pobres dos portugueses ricos. Portugal é, de acordo com os últimos dados estatísticos do Eurostat, o país da União Europeia (UE) onde é maior a desigualdade de rendimentos entre os dois grupos de pessoas situados nas extremidades da pirâmide social. A comparação entre os rendimentos acumulados pelos 20 por cento mais ricos e os 20 por cento mais pobres revela que, em Portugal, esse rácio atingia, em 2003, os 7,4, o que significa que os mais abonados detêm 7,4 vezes o rendimento dos mais necessitados.

In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=15&uid=&id=58442&sid=6475

Comentário: Em 1995 os 20% mais abastados, em Portugal, eram 7,4 vezes mais ricos que os 20% mais pobres. Em 2000 esta diferença baixou para os 6,4 (não me atrevo a dizer que melhorou, pois pode ter acontecido os ricos ficarem menos ricos e os pobres manterem-se igualmente pobres, e isso não é uma melhoria, claramente). Em 2003 a diferença aumentou de novo para os 7,4.
Pode concluir-se, daqui, que Guterres trabalhou bem a este nível. Ainda para mais nessa altura o desemprego também desceu. Mas a verdade nem sempre é assim tão óbvia como parece, e pode ser até radicalmente diferente. Aga Khan, um especialista nestes assuntos (a Fundação Aga Khan avançou inclusive com um projecto de luta contra a pobreza e exclusão em Portugal), acha que as coisas não se devem ver somente deste prisma. De facto, “Guterres privilegiou a solidariedade, com maus resultados no desempenho competitivo” (palavras suas), ainda desequilibrando as contas nacionais. Outros privilegiaram a competitividade, mas isso ressentiu-se, por exemplo, no aumento do desemprego.
Acredito que possa haver mais do que uma forma de atingir o objectivo final de proporcionar maior bem-estar e qualidade de vida a todos os portugueses, e fazer com que o nosso país evolua no sentido de alcançar os mais avançados países europeus e mundiais. Mas aposto mais no caminho difícil de longo prazo, de que é bom exemplo a Espanha. Este país apostou numa taxa de desemprego elevada (mais de 20%) durante muitos anos para dar a volta à economia, e hoje em dia apresenta as mais elevadas taxas de crescimento na Europa, e o seu desemprego também já está a descer. Guterres fez o oposto, e os resultados foram, também, o oposto. Daí que se deva olhar para estes números com muita ponderação, pois os mesmos valores estatísticos podem ilustrar realidades totalmente díspares.

15.1.06

Telefonemas de altas figuras do estado juntos por engano

Portugal Telecom confirma entrega da listagem coberta por um "filtro" informático
Por António Arnaldo Mesquita e Tânia Laranjo
A Portugal Telecom (PT) assume um lapso na inclusão no processo da Casa Pia da facturação detalhada dos telefones fixos de algumas das mais altas individualidades do Estado, como Jorge Sampaio, Souto Moura, Mário Soares ou Almeida Santos, entre finais de 2001 e Maio de 2002.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=14&uid=&id=58293&sid=6458

Comentário: Ao contrário do que quase toda a gente tem afirmado por estes dias, este caso talvez não represente um “golpe de Estado”, nem um “atentado à democracia”. Esta situação pode apenas demonstrar a total ignorância e inépcia de muitos funcionários portugueses – e desta vez não são só os públicos… Ora atente-se no “caso das listagens telefónicas”:
1) O Ministério Público pediu a facturação detalhada de Paulo Pedroso, na altura arguido do processo “Casa Pia”, em formato electrónico; 2) A PT enviou a dita informação em formato Excel, mas a mesma tinha um problema: além da facturação de Paulo Pedroso, tinha os detalhes de várias outras figuras de topo do Estado, tais como do Presidente da República, Procurador-geral da República (PGR), ex-Presidentes, etc., etc. 3) Esta informação “extra”, este “bónus”, estava “escondido”. Escrevo “escondido” entre aspas porque, de facto, a única coisa que a PT fez foi filtrar a informação no Excel – como qualquer utilizador mediano de Excel sabe, é facílimo descobrir a informação “escondida”… 4) A PT – uma das empresas mais avançadas tecnologicamente em Portugal, sublinhe-se – afirmou que “nunca tinham pedido facturação detalhada em formato electrónico, só em papel, e portanto este problema não se punha”. De facto seria muito difícil fazer “copy+paste” à informação da folha Excel com filtros, e fazer uma nova folha só com os detalhes de Paulo Pedroso. Sem comentários. 5) É muito provável que o pessoal que trabalha no processo “Casa Pia” nem se tenha apercebido de que estava lá toda a informação – a ignorância informática é ainda muito comum no nosso país.
Acreditando nestes 5 pontos que escrevo, não há caso. A PT envia um “bónus” com detalhes da vida pessoal das mais elevadas figuras do nosso Estado por ignorância informática, e o Ministério Público (MP), os juízes, os advogados, etc., nem sequer se apercebem. É o que acontece num país tecnologicamente analfabeto. Mas também podemos ser mauzinhos – ou apenas realistas? – e concluir que o MP, de facto, pediu toda esta informação, num claro desrespeito pela lei e pela dignidade das pessoas envolvidas, e nesse caso o Procurador deve ser imediatamente exonerado.
Ou vivemos num país atrasado, ou vivemos num país onde ninguém respeita a Lei – nem as entidades que a deveria garantir. Qual das duas hipóteses será a menos má?

13.1.06

Re: Cérebro fica meio bêbado ao acordar (I)

Finalmente temos resposta para as nossas mães quando dizem:
- Ó filho, em vez de ires agora sair e beber copos, vai mas é dormir!!!
(Faber)

12.1.06

Cérebro fica meio bêbado ao acordar

O estado de inércia passageiro sentido por quem desperta de um sono profundo afecta mais as capacidades mentais do que a falta de sono ou a embriaguês, diz um estudo na revista Journal of the American Medical Association.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=12&uid=&id=57857&sid=6416

Comentário: Epá! Se calhar é por isso que, depois de beber um SHOT, parece que um gajo acorda! LOL :)

11.1.06

Ministra da Cultura diz que tem a confiança de Sócrates

A petição contra a ministra tinha ontem mais de 600 assinaturas de pessoas de várias áreas. Assessor para a Cultura de José Sócrates não comenta. Por Joana Gorjão Henriques
Um dia depois de centenas de artistas assinaram uma petição onde acusam a ministra da Cultura de seguir uma política contraditória e "aos solavancos", Isabel Pires de Lima disse ontem ter a confiança do primeiro-ministro José Sócrates para se manter no cargo. "Se aqui estou é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder", afirmou numa conferência de imprensa no Palácio da Ajuda para explicar a substituição do director do Teatro D. Maria II, António Lagarto, por Carlos Fragateiro. Alexandre Melo, assessor para a Cultura de José Sócrates, disse ontem que "não tem nenhum comentário" a fazer, nem sobre a petição, nem sobre as declarações de Pires de Lima.
In http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=10&uid=&id=57587&sid=6386

Comentário: Os erros do Ministério da Cultura têm sido diversos, e recorrentes. “[N]omeações absurdas que revelam total desconhecimento da realidade dos factos”, “levantamento de falsas e inúteis polémicas (como o conflito com Rui Rio)”, “demissão das pessoas sem nunca ter falado com elas ou mesmo através das notícias dos jornais”, “entrevistas supérfluas”. Eduardo Prado Coelho explica tudo muito bem no seu artigo de ontem no Público (http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=01&d=10&uid=&id=57610&sid=6388). Agora, decidiram substituir o director do Teatro D. Maria II, que estava, reconhecidamente, a fazer um bom trabalho, por Carlos Fragateiro, que estava a fazer um mau trabalho no Trindade. E além disso ainda decidiram só colocar (as fabulosas e imensas!) peças portuguesas no D. Maria II, o que será situação única num teatro europeu.
Dirigismo cultural. Populismo cultural. Já lhe chamaram tudo isto com carradas de razão. Sócrates confia na Ministra. Pior para ele.